A chanceler alemã Angela Merkel disse que as Nações Unidas deveriam assumir a liderança dos esforços globais para combater a mudança climática e que esta posição seria "inegociável", dois dias depois de o presidente norte-americano George W. Bush ter exposto sua estratégia sobre o tema.

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Merkel, que preside o encontro de cúpula do Grupo dos Oito (países ricos), de 6 a 8 de junho, negou que os planos de Bush fossem uma afronta à Alemanha, cujos planos para uma solução na luta contra as mudanças climáticas durante a presidência do G8 este ano parecem fadados ao fracasso.

A estratégia climática de Bush rejeita a abordagem européia, a favor de metas obrigatórias de emissão e da comercialização de créditos de carbono. Bush também estendeu as decisões para além do encontro de cúpula dos países ricos ao estabelecer um prazo até o final de 2008 para um acordo entre os principais emissores de poluentes.

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Em resposta a uma pergunta da revista alemã Der Spiegel sobre o fato de considerar o plano alternativo de Bush uma afronta, Merkel disse:

"Não interpreto desta forma."

Mas a chanceler insistiu que as Nações Unidas e não países isolados ou grupos de nações deveriam ser o principal agente.

"Em um processo liderado pelas Nações Unidas, devemos criar um sucessor para o tratado de Kyoto, que expira em 2012", disse à revista Der Spiegel, acrescentando que algumas iniciativas adicionais de outros países poderiam ser úteis.

"Mas é importante que as ações partam das Nações Unidas. Para mim, isto é inegociável."

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Merkel quer que o encontro de cúpula do G8 na semana que vem estabeleça as bases para uma extensão e reforço do Protocolo de Kyoto antes da conferência da ONU em Bali, na Indonésia, em dezembro.

Bush tem evitado os esforços da ONU e seu pedido para um acordo sobre cortes por parte dos quinze principais emissores, liderados por Estados Unidos, China, Rússia e Índia, irritaram os críticos que disseram que o presidente norte-americano estaria tentando passar por cima do órgão mundial.

A discussão entre Bush e a Europa sobre as mudanças climáticas vem de longa data, e o presidente norte-americano se recusou a assinar o Protocolo de Kyoto, implementado por 35 países. Segundo ele, o protocolo exclui os países em desenvolvimento e provocaria cortes de empregos nos Estados Unidos.

O Protocolo institui um corte médio nas emissões de gases poluentes de cinco por cento abaixo dos níveis de 1990, até 2008-2012.

Mesmo antes de Bush anunciar sua nova estratégia, os Estados Unidos já haviam bloqueado partes importantes da proposta de acordo feita pela Alemanha.

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Merkel queria que os líderes se comprometessem a limitar o aumento médio das temperaturas a dois graus Celsius neste século, e a cortar as emissões globais pela metade em relação aos níveis de 1990 até o ano de 2050.

Merkel prometeu não ceder em questões que desconsiderarem as provas científicas durante o encontro de cúpula que será realizado em Heiligendamm e afirmou que seria "muito difícil" chegar ao acordo esperado nesta semana.

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