Um dia depois do triunfo nas eleições federais, quando conseguiu o melhor resultado para a sua aliança partidária, União Democrata/União Social Cristã (CDU/CSU), a chanceler Angela Merkel começou uma das mais difíceis lutas para a formação de um governo.
Depois da noite de comemorações com vinho e dança no domingo, a chanceler começou ontem cedo a fazer as sondagens para a sua próxima coalizão, telefonando para o presidente do Partido Social Democrata (SPD). Mas Sigmar Gabriel, presidente do SPD, reagiu frio. "O movimento em direção a uma grande coalizão não é algo automático", disse.
Com apenas cinco mandatos a menos do que a maioria absoluta, que seria de 316 assentos, Merkel depende da oposição para formar um governo, já que os liberais (FDP), com quem governou nos últimos quatro anos, ficaram com menos de 5% dos votos no último domingo e, pela primeira vez em 64 anos, não serão representados no Parlamento.
A opção preferida dos adeptos da CDU é uma aliança com o SPD, mas este vem resistindo à aproximação de Merkel e, se aceitar, vai "cobrar um preço muito alto", como disse um porta-voz do partido.
O SPD, que perdeu enorme popularidade depois da primeira grande coalizão com Merkel, de 2005 a 2009, receia perder em imagem com a reedição da aliança.
Para o presidente da Federação dos Empregadores, Dieter Hundt, uma coalizão dos dois grandes partidos teria um efeito estabilizador para a economia alemã e do continente europeu. "Uma grande coalizão pode ser uma boa solução exatamente quando os desafios são grandes", disse.
Mas o SPD não depende apenas da CDU para participar de um governo. No jogo de poder, o partido do candidato derrotado Peer Steinbrück não está tão fraco quanto parecia logo depois do fechamento das urnas.
Uma aliança do SPD com os verdes e o partido Esquerda daria a chance de tomar o poder de Merkel, pois os três juntos têm 319 assentos, três a mais do que o necessário para formar uma maioria de governo.