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Imigração nos EUA

Mesmo com ameaças de Trump, caravana de migrantes chega ao México

Milhares de migrantes hondurenhos se preparam para cruzar a ponte que separa a Guatemala do México | CARLOS ALONZOAFP
Milhares de migrantes hondurenhos se preparam para cruzar a ponte que separa a Guatemala do México (Foto: CARLOS ALONZOAFP)

 

 Os imigrantes quebraram o portão de entrada para a ponte entre a cidade guatemalteca de Tecún Umán e a mexicana Tapachula por volta de meio-dia (15h de Brasília), apesar da presença do Exército. A invasão ocorreu horas após o governo mexicano anunciar que admitiria apenas 150 pessoas por dia para solicitações de asilo. Eles teriam vagas em abrigos da região por dez dias, período em que o pedido seria avaliado. 

 Segundo o Instituto Nacional de Migrações, os aprovados nessa triagem preliminar poderiam ficar até 45 dias nos albergues e os reprovados seriam detidos e deportados. A tensão aumentou no final da manhã. O grupo começou a cantar gritos, como "de um jeito ou de outro, nós vamos passar", e caminhou do parque onde haviam se reunido desde às 7 horas até a ponte. 

 Sem serem impedidos pelos militares guatemaltecos, jovens começaram a pular a grade e a pressionaram para derrubá-la. Na sequência, outros homens, mulheres e crianças avançaram os 137 metros até o lado mexicano. "Nós vamos para os EUA! Ninguém vai nos parar!", disse à agência Associated Press Edwin Santos, hondurenho de San Pedro Sula. 

 O grupo foi contido pela Polícia Federal mexicana, que usou gás de pimenta para conter um grupo de 50 pessoas que empurrava os agentes de choque. Após um pedido de calma, os imigrantes organizaram filas. Devido às condições da fronteira, a chance de sucesso do plano mexicano era remota. A Guatemala não tinha estrutura para manter os imigrantes em Tecún Umán por pelo menos 20 dias, prazo mínimo para que todos passassem. 

 Por outro lado, há diversos pontos de passagem clandestinos pelo rio Suchiate que, embora tenha forte correnteza, é raso o suficiente para permitir a travessia a nado ou, em alguns pontos, a pé. 

 Quando a Folha esteve na região em setembro de 2017, o fluxo de cargas e pessoas cruzando a fronteira em uma passagem ilegal a menos de 1 km da ponte era intenso, enquanto o posto oficial estava quase vazio. 

 Alguns imigrantes atravessaram pelo rio na quinta-feira (18), mas nesta sexta os balseiros que fazem a travessia foram alertados pelas autoridades mexicanas para manter apenas o traslado de mercadoria, não de pessoas. 

 Enquanto a caravana de imigrantes chegava ao México, o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, se reunia na Cidade do México com o chanceler Luis Videgaray, que prometeu impedir a chegada da caravana aos EUA. 

 Em entrevista à emissora local Televisa, Videgaray disse que o país só admitirá as pessoas que "tiverem uma situação de vulnerabilidade em seu país de origem". Questionado se a ação mexicana seria uma forma o país fazer o trabalho do governo americano, ele declarou que o México "define sua política migratória de forma soberana". 

 Ele não se disse preocupado com a ameaça de Trump de fechar a fronteira e citou como justificativa o trânsito de 1 milhão de pessoas por dia e de US$ 1 milhão (R$ 3,7 milhões) em mercadorias por minuto. "Antes de tomar uma decisão desse tipo muita gente nos EUA vai considerar as consequências."

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