Homem anda de bicicleta em rua de Homs, na Síria, com vários prédios destruídos durante os conflitos entre opositores e as forças de segurança| Foto: Karam Karam/Reuters

Pressão

Nações Unidas cobra de Assad compromisso com proposta de Annan

Folhapress

O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, pressionou ontem o ditador sírio, Bashar Assad, a implementar rapidamente o plano de paz de seis pontos que ele aceitou na véspera e que pede, entre outras ações, o recuo do exército.

Falando no Kuait, Ban disse: "Eu recomendo fortemente que o presidente Assad coloque esses compromissos em ação imediata. Não há tempo a perder".

Ele se referiu ao plano proposto pelo enviado especial da ONU e da Liga Árabe, Kofi Annan, e aceito por Assad, que prevê o recuo das tropas e armas pesadas das cidades antes de iniciar o diálogo com seus opositores. "É um passo inicial importante que poderá trazer um fim à violência e ao derramamento de sangue, além de dar ajuda àquelas pessoas que estão sofrendo", disse Ban, acrescentando que um diálogo político atenderia "às aspirações legítimas do povo sírio".

O plano contempla o fim de qualquer forma de violência armada por todas as partes sob supervisão da ONU, a entrega de ajuda humanitária a todas as zonas afetadas pelos combates e a libertação das pessoas detidas de forma arbitrária.

Já o governo sírio afirmou ontem que rejeitará "qualquer iniciativa" que venha da cúpula da Liga Árabe, que será realizada em Bagdá.

Houve enfrentamentos ontem entre as forças leais ao regime e os rebeldes do Exército Livre Sírio (ELS) em Homs e na localidade de Al Bukamal.

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Pelo menos 40 pessoas morreram ontem em confrontos entre as forças do governo e a oposição na Síria, de acordo com o grupo de Comitês de Coordenação Locais (CCL), de oposição ao regime de Ba­­shar Assad. As mortes ocor­­reram um dia depois de o governo sírio aceitar o plano de paz proposto pela Organização das Nações Unidas (ONU).

Segundo o CCL, o maior número de mortes foi em Homs, na região central do país, onde 13 pessoas morreram em uma ofensiva de forças do regime, com bombardeios na cidade e em localidades próximas, como Abl.

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Em Hama, também no cen­­tro, seis pessoas perderam a vida em ataques de soldados fiéis ao ditador Assad. Outras mortes foram registradas em Idlib (três), Deir el Zur (dois), Deraa (dois) e Aleppo (um).

Em comunicado, o CCL cri­­ticou a aprovação do plano de paz para a Síria proposto pelo enviado especial da ONU, Kofi Annan, em que pede um cessar-fogo ao regime de Assad. "O plano dá ao regime mais tempo para assassinar mais civis. A comunida­­de internacional fracassou em assumir suas responsa­­bilidades morais e legais com o povo sírio", afirmaram os comitês.

Mais cedo, o Departa­­men­­­­to de Estado americano afirmou que Assad não tomou as medidas necessárias para aplicar o plano de paz de Annan, como havia prome­­tido ontem. "As prisões e a violência continuam na Sí­­ria", afirmou a porta-voz do Departamento de Estado, Victoria Nuland.

O exército sírio intensificou ontem suas operações contra os rebeldes em todo o país, o que gerou ceticismo na ONU sobre a aceitação por Damasco do plano de Annan.

O plano consiste, entre outras ações, no fim de toda forma de violência armada por todas as partes no conflito e a entrega de ajuda humanitária em zonas afetadas pelos combates. "Julgaremos [Assad] por seus atos, e não por suas promessas", advertiu Nuland. "O fato das prisões e da violência continuarem não é um bom sinal."

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