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Jerusalém – Ariel Sharon, primeiro-ministro israelense e fundador do partido Kadima (Avante), foi uma força oculta durante as eleições e continua presente no discurso de seu substituto na sigla, Ehud Olmert. Ao que tudo indica, Olmert pretende colocar em prática os planos de retirada de Sharon, líder histórico que saiu da cena política por causa de um acidente vascular, um ano depois da morte do principal líder palestino, Yasser Arafat. Tanto palestinos (veja matéria ao lado) quanto israelenses definem seu novo governo praticamente ao mesmo tempo. A dúvida é justamente se os novos governantes vão dar continuidade às negociações que pareciam caminhar para um consenso entre Arafat e Sharon.

Sharon, que recentemente cumpriu 78 anos de idade, está desde o início de janeiro em estado de coma no Hospital Universitário Hadassah, onde foi aberto um colégio eleitoral. Mesmo assim, para seus seguidores, ele foi o grande vencedor das eleições, uma vez que traçou o perfil do Kadima e provocou a reviravolta política que enfraqueceu o Likud.

A sombra de Ariel Sharon teria influenciado de maneira decisiva as eleições de ontem. Apesar de muitos terem previsto que a internação de Sharon no hospital Hadassah seria um golpe mortal para o recém-criado Kadima, a legenda não foi afetada. Mesmo sem Sharon, o Kadima se manteve na liderança durante praticamente toda a campanha.

Ao longo da campanha, o Kadima não hesitou em resgatar o legado político de Sharon, aproveitando a imagem propícia criada no último ano, com a evacuação da Faixa de Gaza, para cativar o eleitorado. Nesta linha, o atual primeiro-ministro interino, Ehud Olmert, surgiu como o único político capaz de governar o país mantendo a linha de Sharon.

"Embora a política seguida por Olmert pareça ser a mesma que a que Sharon teria seguido, cada pessoa tem seus próprios princípios e ainda é cedo para avaliar que caminho ele tomará", afirma o professor Shmuel Sandler, do departamento de Ciências Políticas da Universidade de Bar-Ilan, próxima a Tel Aviv.

"Se (o Kadima) ganhar com uma vantagem significativa, será um incentivo para que os diferentes membros que o integram permaneçam unidos", disse. Do contrário, ele acredita que serão necessárias alianças, que podem distanciar o projeto de governo do plano inicial e fazer com que Olmert enfrente as mesmas dificuldades que Sharon enfrentava diante da ala mais à direita do Likud.

Entre os fatores reforçaram o Kadima está a crença, muito presente Israel, de que apenas uma personalidade forte, de direita e com experiência militar, como Sharon, pode promover as iniciativas mais complicadas, como, por exemplo, a evacuação dos assentamentos judaicos da Cisjordânia.

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