Se todos os 774 milhões de indianos que vivem sem um banheiro em casa formassem uma fila, elas iriam, no mínimo, da Terra até a Lua. Acabar com a fila demoraria pelo menos 5.892 anos se cada pessoa demorasse quatro minutos no banheiro.
A constatação é de um relatório apresentado pela WaterAid, organização sem fins lucrativos sediada em Londres que luta pelo acesso à água e ao saneamento básico. O estudo foi publicado na última quinta-feira, no Dia Mundial dos Banheiros, data criada pela Organização das Nações Unidas (ONU).
A Índia continua a ter o maior número de pessoas sem um banheiro em casa e o maior número de indivíduos que defeca ao ar livre, afirma o relatório intitulado: “It’s No Joke: State of the World’s Toilets 2015” (”Não é piada: O estado dos banheiros no mundo em 2015”, em tradução livre).
Apesar do cenário, a Índia não consta na lista dos 25 países com as latrinas menos seguras e higiênicas por pessoa. No entanto, mesmo que esteja melhorando, a Índia está longe de ter bons hábitos no banheiro.
Mais de 770 milhões de indianos não têm toalete em casa, mais do que o dobro da China (329 milhões). Além disso, cerca de metade da população da Índia (569 milhões) faz suas necessidades ao ar livre, às vezes até mesmo em lugares onde há banheiros públicos
Pessoas em áreas rurais frequentemente se aliviam ao ar livre pela força do hábito ou por preferências culturais. Em alguns vilarejos, os habitantes acreditam que banheiros são feitos para pessoas mais velhas, jovens recém-casadas ou crianças.
Há, ainda, quem pense que defecar a céu aberto faz bem para a saúde, visto que há pessoas no mundo inteiro que fazem o mesmo. A Índia tem a maior concentração delas: 173 indivíduos fazem suas necessidades ao ar livre por quilômetro quadrado.
“Essa média seria equivalente a 500 pessoas defecarem a céu aberto no Square Mile, em Londres, ou a 15 mil pessoas em Manhattan, em Nova York”, diz o relatório.
Os países vizinhos à Índia têm muito menos pessoas que defecam ao ar livre. No Nepal, a média é de 61 indivíduos por quilômetro quadrado. No Paquistão, o número cai para 32.
Saúde pública
A falta de saneamento adequado na Índia traz uma séria ameaça à saúde infantil, uma vez que milhares de crianças morrem anualmente em virtude de doenças transmitidas por excrementos humanos.
O estudo aponta que mais de 140 mil crianças com menos de cinco anos morrem por diarreia anualmente no país. Por causa do subpeso, cerca de 40% dos jovens têm problemas de crescimento, o que afeta a expectativa de vida. Além disso, a Índia também tem altas taxas de mortalidade materna e de recém-nascidos, o que está ligado à septicemia (presença de micro-organismos no sangue ou nos tecidos) ou a infecções causadas por defecar ao ar livre.
O relatório também aponta que mulheres que fazem suas necessidades a céu aberto correm o risco de sofrer violência sexual e de serem atacadas por animais selvagens.
O primeiro-ministro Narendra Modi lançou ano passado a Swachh Bharat Abhiyaan, ou Missão para Limpar a Índia, que, dentre outros objetivos, busca erradicar a defecação ao ar livre e construir um banheiro dentro de cada casa indiana até 2019. Entretanto, construir banheiros não será o suficiente.
“O que será absolutamente crucial é congregar governos locais, estaduais e o nacional para fazer disso uma prioridade e criar uma mudança cultural capaz de, uma vez construídos os banheiros, fazer todos os usarem”, diz o relatório da WaterAid.
Congresso prepara reação à decisão de Dino que suspendeu pagamento de emendas parlamentares
O presente do Conanda aos abortistas
Governo publica indulto natalino sem perdão aos presos do 8/1 e por abuso de autoridade
Após operação da PF, União Brasil deixa para 2025 decisão sobre liderança do partido na Câmara