As promessas das nações industrializadas de cortes de emissões do gás do efeito estufa até 2020 estão muito aquém das reduções profundas amplamente defendidas para enfrentar o aquecimento global, disseram especialistas nesta segunda-feira (22). A Rússia, o terceiro maior emissor do gás do efeito estufa, principalmente por causa da queima de combustíveis fósseis, afirmou na sexta-feira que até 2020 irá fazer uma redução de 10% a 15% em relação aos níveis de 1990. É o mais recente país a divulgar sua meta.

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Os cortes totais de emissões de nações industrializadas, antes da reunião que deve formalizar em dezembro um novo pacto da ONU sobre clima, em Copenhague, agora se situam em média entre 10% e 14% em relação aos níveis de 1990. "Em seu conjunto, são metas muito fracas", disse Knut Alfsen, diretor de pesquisa do Centro para Pesquisa Internacional em Ambiente e Clima, em Oslo.

"Eu esperaria que a Rússia fosse mais ousada", afirmou Bob Watson, chefe do conselheiro científico do Ministério do Meio Ambiente britânico e ex-líder do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática), da ONU. O compromisso da Rússia significa, na prática, um aumento em relação aos níveis atuais, já que suas emissões estão mais de 30% abaixo dos níveis de 1990, reduzidas fortemente pelo colapso da União Soviética e de sua poluente indústria pesada. Watson disse que esperava que a Rússia fixasse para 2020 uma meta de corte de 30%.

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A média dos planos de cortes até 2020 - incluindo as dos Estados Unidos, União Europeia e Japão - ficaram bem aquém de uma variação de 25% a 40% abaixo dos níveis de 1990, estimada pelo IPCC para evitar os piores efeitos do aquecimento global, como mais secas severas, inundações, elevação do nível dos mares, tempestades muito fortes e perdas na produção de alimentos.

Ineficiente

"A Rússia é uma das economias mais ineficientes do mundo em termos de energia, tem um interesse próprio muito alto para buscar metas mais elevadas", disse Nick Mabey, executivo-chefe da ONG ambientalista E3G. "Projeções mostram que se a Rússia fracassa na melhora de sua eficiência energética, não será capaz de cumprir seus atuais compromissos de exportação de gás natural, por causa da demanda doméstica", afirmou.

Nações emergentes, lideradas pela Índia e China, querem que os países industrializados cortem pelo menos 40% - alegando que as evidências de mudanças no clima estão ficando mais fortes - como compensação para que os mais pobres comecem a agir para coibir suas crescentes emissões. Eles argumentam que as nações desenvolvidas são historicamente responsáveis pela maior parte das emissões.

O líder do Painel de Clima da ONU, Rajendra Pachauri, disse que a não efetivação desses cortes profundos vai colocar o mundo no caminho de um aquecimento "perigoso" de mais de 2 graus Celsius acima dos níveis pré-industriais.

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