O ex-presidente da Bolívia Evo Morales fala com jornalistas na Cidade do México, onde estava asilado, 27 de novembro de 2019| Foto: CLAUDIO CRUZ / AFP

O México pedirá a um tribunal da Organização das Nações Unidas (ONU) que resolva uma disputa diplomática com a Bolívia. Segundo o México, a Bolívia está assediando aliados do ex-presidente Evo Morales em sua embaixada em La Paz.

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O governo submeterá uma queixa ao Tribunal Internacional de Justiça, órgão da ONU com sede em Haia, alegando que a Bolívia está violando as normas diplomáticas ao cercar a embaixada mexicana com forças de segurança, disse o ministro das Relações Exteriores do México, Marcelo Ebrard.

Um grupo de aliados de Morales está refugiado na embaixada desde o mês passado, quando o México concedeu a eles asilo político. O novo governo da Bolívia emitiu mandados de prisão para quatro deles, disse Ebrard.

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"Estamos nos dirigindo a toda a comunidade internacional porque, mesmo nos piores momentos dos golpes militares das décadas de 1970 e 1980, a integridade das embaixadas ou residências mexicanas não estava em risco", disse Ebrard em entrevista coletiva na Cidade do México nesta quinta-feira.

As relações diplomáticas entre os países se deterioraram desde que o México deu refúgio a Morales, quando ele foi forçado a renunciar em meio a tumultos em todo o país, após vitória nas eleições amplamente vista como irregular. Morales atualmente está na Argentina como refugiado.

As tensões começaram a aumentar novamente na segunda-feira, quando a Bolívia enviou cerca de 90 policiais e soldados para cercar a embaixada. Normalmente, o número de agentes não passa de seis, disse Ebrard.

Um dia depois, o vice-ministro da Segurança Pública da Bolívia, Wilson Santamaria, negou as acusações de assédio, mas exigiu que o México entregasse as pessoas que foram alvo de ordens de prisão, segundo comunicado divulgado pelo Twitter.

A chanceler boliviana, Karen Longaric, classificou o anúncio do governo mexicano de "absurdo". Ela afirmou que as declarações de Ebrard buscam confronto e inimizade entre as duas nações, segundo o jornal boliviano El Deber.

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A chanceler afirmou que a Bolívia respeita os tratados internacionais e disse que as autoridades bolivianas não ingressarão na embaixada do México. Ela alega que a segurança na sede diplomática foi reforçada por causa de uma suposta manifestação que chegaria até a embaixada, e que, ainda, o governo do México pediu ao governo da Bolívia um aumento da segurança nos arredores da embaixada em La Paz em várias ocasiões, segundo a CNN em Espanhol.

O país andino foi abalado pela crise desde a eleição de 20 de outubro, que foi marcada por várias irregularidades, de acordo com uma equipe da Organização dos Estados Americanos. O governo interino da presidente Jeanine Áñez anunciou que organizará novas eleições, ainda sem data marcada.