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O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, avisou nesta sexta-feira (21) aos Estados Unidos que "não quer ajuda" para combater o crime organizado, diante da crescente pressão de Washington para que seu governo lute contra os narcotraficantes.
“Dizemos-lhes, e que seja ouvido bem e longe: ‘não aceitamos nenhuma intervenção, temos capacidade suficiente para enfrentar o crime organizado, não queremos intervencionismo, não queremos ajuda, entre aspas, de ninguém'”, disse o presidente mexicano.
López Obrador concedeu a declaração durante o aniversário da "Defesa Patriótica" do Porto de Veracruz, que comemora a resistência das Forças Armadas do México à segunda invasão americana ao país em 1914.
“A maior lição (do evento histórico) é que somos livres, somos independentes e nós mexicanos temos que resolver nossas diferenças sem a intervenção de nenhum país, de nenhuma potência, nenhuma hegemonia. Somos livres e somos soberanos”, continuou o presidente.
Atrito entre México e EUA
Seu discurso também vem à medida que cresce o atrito entre México e EUA, porque os deputados republicanos propuseram declarar guerra aos cartéis mexicanos e designá-los como terroristas.
Além disso, López Obrador, na última segunda-feira, acusou a Agência Antidrogas dos EUA (DEA, na sigla em inglês) de se infiltrar, sem autorização do México, no Cartel de Sinaloa, depois que o Departamento de Justiça americano anunciou acusações contra seus líderes, incluindo quatro filhos de Joaquin "El Chapo" Guzman.
“Fala-se nos EUA de intervir e enfrentar o crime organizado e os narcotraficantes, tratando-os como terroristas, e por isso eles virão para nos ajudar, para nos apoiar no confronto do crime organizado”, criticou o mandatário.
Em resposta às acusações do presidente mexicano, o porta-voz da Casa Branca, John Kirby, defendeu ontem a acusação de Washington de 28 membros do Cartel de Sinaloa.
Enquanto o embaixador dos EUA no México, Ken Salazar, disse no mesmo dia que trabalhou com o governo mexicano na investigação contra o Cartel de Sinaloa.
“Custou-nos muito afirmar nossa soberania e, embora se trate, repito, de boas intenções, são assuntos que só correspondem a nós mexicanos”, observou López Obrador.