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O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, anunciou nesta terça-feira (27) uma “pausa” nas relações diplomáticas com os Estados Unidos e o Canadá, depois que os embaixadores dos dois países manifestaram preocupação com uma proposta de reforma do Judiciário que tramita no Parlamento mexicano.
“Espero que haja uma ratificação deles de que respeitarão a independência do México”, disse López Obrador durante coletiva de imprensa. “Enquanto não houver isso e continuarem com essa política, haverá uma pausa com as embaixadas”, disse o presidente esquerdista.
A proposta de reforma do Judiciário foi apresentada por López Obrador e nesta segunda-feira (26) foi aprovada na Comissão de Pontos Constitucionais da Câmara dos Deputados.
O projeto prevê duas eleições com voto popular para renovação dos cargos do Judiciário mexicano, a primeira delas em junho de 2025.
A proposta também prevê reduzir o número de ministros da Suprema Corte de 11 para nove e diminuir o seu mandato de 15 para 12 anos, entre outros pontos.
Na semana passada, o embaixador americano no México, Ken Salazar, divulgou uma carta no X na qual alegou “que a eleição popular direta de juízes é um grande risco para o funcionamento da democracia do México”.
“Qualquer reforma judicial deve ter os tipos certos de salvaguardas que garantam que o poder judiciário seja fortalecido e não fique sujeito à corrupção da política”, escreveu.
“Também acho que o debate sobre a eleição direta de juízes neste momento, bem como a política rígida de eleições para juízes em 2025 e 2027 caso aprovadas, ameaçará o relacionamento comercial histórico que construímos, que depende da confiança dos investidores na estrutura legal do México”, disse o embaixador, que acrescentou que a eleição popular de juízes os tornaria vulneráveis a pressões dos cartéis de drogas.
O embaixador do Canadá no México, Graeme C. Clark, disse em entrevista à agência EFE, também na semana passada, que a proposta de reforma do Judiciário no México está gerando preocupação entre investidores canadenses.
Entretanto, ele afirmou que seu “interesse é [apenas] transmitir as preocupações do setor privado canadense”, sem intervir em assuntos internos do México.