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O "Ana Cecilia" levará ajuda humanitária e encomendas dos cubanos-americanos a seus parentes na ilha de Fidel Castro | International Port Corporation/EFE
O "Ana Cecilia" levará ajuda humanitária e encomendas dos cubanos-americanos a seus parentes na ilha de Fidel Castro| Foto: International Port Corporation/EFE

A capital do exílio cubano iniciou nesta quarta-feira (11) uma travessia histórica, com o primeiro carregamento marítimo direto de Miami com destino a Havana em mais de 50 anos. O navio "Ana Cecilia", da International Port Corp., partiu por volta das 12h (horário local) e chega na quinta-feira à capital cubana. A viagem é a primeira de uma rota regular semanal para entrega de ajuda humanitária e envio de encomendas de cubano-americanos aos parentes.

A medida, vista por especialistas como sinal de aproximação entre os EUA e Cuba, foi resultado de esforços ao longo de dois anos para a obtenção de autorizações do Departamento de Comércio dos EUA e do Escritório de Controle de Bens Estrangeiros do Departamento do Tesouro. Mas nem de longe indica o final do embargo econômico imposto à ilha após a revolução cubana. Apesar das pressões da comunidade internacional, o presidente Barack Obama já deixou claro que as mudanças dependerão de avanços em Cuba.

"Essa medida é um passo microscópico, mas aproxima os EUA de Cuba. A população cubana tem muito pouco do que consideramos necessidades cotidianas e todo auxílio é importante", disse Rafael Lima, professor de Comunicação da Universidade de Miami.

Segundo explicou ao GLOBO o porta-voz da International Port Corp., Leonardo Sánchez-Adega, a demanda pelos serviços é grande. Atualmente, os cubano-americanos enviam encomendas aos familiares por avião, com preços que podem chegar a US$ 12 por pacote. O serviço de navio cobrará US$ 5,99 para cada 500 gramas. A lista de produtos enviados reflete a escassez de bens em Cuba. Em um contêiner lotado foram armazenados alimentos, roupas, itens de higiene e lingerie. Um senhor enviou um colchão ortopédico para a família e outro mandou uma cadeira de rodas elétrica.

Dados do Censo 2010 mostram que os cubanos na Flórida já chegam a 1,2 milhão, o equivalente a 6,5% da população. No condado de Miami-Dade, eles são mais de um terço dos moradores.

Risco

A travessia já motivou queixas de uma deputada republicana do Sul da Flórida. Ileana Ros-Lehtinen enviou uma carta ao órgão do Tesouro no dia 19 de junho perguntando se a empresa não estaria violando as regras do embargo, especialmente a Lei Helms-Burton, de 1966, que determina que nenhuma embarcação que entre em Cuba e participe do comércio de bens possa entrar em um porto americano com o objetivo de carregar ou descarregar mercadorias durante 180 dias após a saída da ilha.

"Ficamos sabendo disso pela imprensa. Estamos seguindo o que determina a legislação. Nada do que estamos enviando ao país pode ser revendido. O barco não aceita mercadorias da ilha, regressará vazio na sexta de manhã", afirma Sánchez-Adega.

Além dos cubano-americanos, os clientes potenciais incluem organizações não governamentais, instituições religiosas e de caridade.

A International Port Corp. não é a primeira empresa a entregar ajuda humanitária em Cuba. A Crowley Maritime conta com um serviço de envio de produtos agrícolas e itens de ajuda a partir de outra cidade na Flórida, Port Everglades. Mas é a primeira vez que o auxílio parte de Miami, cidade que reúne boa parte dos grupos de cubano-americanos que apoiam o embargo contra a ilha e a adoção de medidas de pressão contra o regime dos irmãos Castro.

Omar López Montenegro, diretor da Fundação Nacional de Cubano-Americanos, disse ao GLOBO que o governo cubano elevou os esforços para controlar a chegada de produtos ao país: "Estes alimentos vão para a Igreja Católica e para a população, para trabalhadores por conta própria que vendem comida. É assim mesmo, a ajuda vai aumentar, mas o governo cubano já tratou de impor a cobrança de impostos para todas as importações de alimento. É medo de perder o controle."

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