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Crianças estão sendo vendidas como recrutas ao Exército de Mianmar por apenas US$ 40 e um saco de arroz ou uma lata de gasolina. Apesar das iniciativas da junta militar para mostrar que está adotando melhores práticas e assim conseguir suspender as sanções ocidentais contra o país, o recrutamento de crianças-soldado continua a ocorrer, conforme reportagem do "Independent".

De acordo com o jornal britânico, 24 casos de crianças forçadas a se tornar soldados foram verificados pelas Nações Unidas somente nos três primeiros meses deste ano, o equivalente a duas por semana. A Organização Internacional do Trabalho está investigando ainda 72 queixas de recrutamento de menores de idade entre janeiro e abril.

As novas informações sobre o recrutamento de crianças-soldado surgem no momento em que Mianmar está desesperadamente tentando atrair investidores estrangeiros e convencer as nações ocidentais a suspender restrições impostas contra o país comandando por uma elite militar.

O país adotou passos significativos neste sentido, como as eleições parlamentares para parte das vagas no Legislativo e a libertação da ativista Aung San Suu Kyi, que nesta semana se encontrou com Bono Vox, vocalista do U2 e um fã confesso da ativista, em uma conferência de mediadores pela paz em Oslo, onde ela finalmente recebeu o Prêmio Nobel da Paz, concedido a ela em 1991. Os dois seguiram ontem para a Irlanda, onde seria realizado um show em homenagem à líder pró-democracia, que assumiu em maio uma vaga no Parlamento. O fato dos generais de Mianmar terem permitido que Suu Kyi embarcasse em um tour pela Europa já representa um indicativo de mudança no país.

Muitos observadores, particularmente na comunidade empresarial, começaram a fazer lobby pela suspensão das sanções. Grupos de direitos humanos estão preocupados com o ritmo lento de implementação das reformas e citam o recrutamento de crianças ainda em vigor no país como sinal de quão pouco Mianmar realmente mudou.

Pesquisadores da organização Child Soldiers International acabaram de retornar de uma viagem a Rangoon e para a fronteira com a Tailândia na qual entrevistaram crianças recrutadas. Eles relataram, segundo o "Independent", que as Forças Armadas e civis vasculham as ruas atrás de crianças vulneráveis cujos documentos de identidade são então forjados para fazer com que eles pareçam ter 18 anos. Soldados que planejam deixar o Exército precisam encontrar de três a cinco substitutos e os adolescentes jovens são, por vezes, os primeiros procurados para preencher as vagas.

"As crianças permanecem vulneráveis para forças de recrutamente e uso em hostilidades pelo Exército de Mianmar por conta da alta taxa de atritos no Exército e de conflitos existentes", disse Richard Clarke, diretor da Child Soldiers International ao jornal britânico.

Relatório da organização divulgado no ano passado já informava que as próprias crianças, em alguns casos, se dispõem a se alistar por fatores que incluem pobreza, disputas internas e o status de fazer parte das Forças Armadas. Entretanto, a maioria das crianças é enganada, ameaçada ou subornada. Os recrutadores procuraram em lugares públicos como mercados, paradas de ônibus e estações de trem. Os alvos são normalmente crianças desacompanhadas, órfãos e crianças no caminho para a escola. Elas passam normalmente por quatro meses e meio de treinamento, com relatos frequentes de espancamentos.

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