Líder deposto exige acordo sem alteração
Folhapress
Tegucigalpa - O presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, exige assinar o Acordo de San José antes de negociar eventuais modificações a pontos da proposta formulada pela Costa Rica. Entre os pontos que ele e seus assessores estudam incluir na mesa estão uma extensão de seu mandato para compensar os mais de cem dias de afastamento do cargo, a revisão do processo de convocação de uma Constituinte e o não retorno de Roberto Micheletti à Presidência do Congresso.
Ontem, Zelaya divulgou nota em que exige a assinatura "imediata por ambas as partes do Acordo de San José, que prevê seu retorno condicionado à Presidência o texto prevê que ele abandone a ideia de promover uma Assembleia Constituinte.
O documento teria de ser ratificado pelo Legislativo e pelo Executivo, além dos chanceleres de países membros da Organização dos Estados Americanos (OEA) que chegam hoje a Tegucigalpa.
Zelaya também quer que a assinatura seja na Embaixada do Brasil, onde ele está abrigado há 16 dias, por proporcionar "transparência e imparcialidade.
O que está na mesa
Jogo de interesses marca as negociações para o fim do impasse.
Fonte: Folhapress
Acordo San José
- Costurado na Costa Rica, inclui volta de Zelaya ao poder, anistia para todos os envolvidos, garantia da eleição presidencial em novembro, veto à promoção da Constituinte e da reeleição.
Zelaya
- Ligados a Zelaya dizem que deposto quer vetar volta de Micheletti, ex-presidente do Congresso, à Casa. Deseja compensar no poder o tempo que ficou fora.
Micheletti
- Cogita, pela primeira vez, volta de Zelaya condicionada ao poder, mas só depois das eleições.
Base de apoio
- Militares (ainda que não se sabe se há fissuras), Justiça, Congresso, Ministério Público, empresários, cúpula católica e UCD (União Cívica Democrática), organização civil que organizou protestos pró-golpe. A UCD rejeita anistiageral.
Tegucigalpa - A dois dias da chegada de chanceleres da Organização dos Estados Americanos (OEA) a Honduras para negociar uma saída para a crise política, o governo golpista do presidente Roberto Micheletti recuou e já admite devolver a Presidência a Manuel Zelaya, deposto em 28 de junho.
Ontem, Micheletti afirmou que aceita negociar a volta de Zelaya ao poder depois das eleições presidenciais, marcadas para 29 de novembro. Apesar de estar longe do que pede o presidente deposto, a afirmação de Micheletti mostra uma inflexão, fruto da forte pressão interna e externa. Havia poucos dias, ele afirmava que a volta de Zelaya era "inegociável.
Em conversas reservadas, integrantes do governo afirmam que o grupo de Micheletti trabalha com duas hipóteses consideradas "moderadas''. A primeira seria que uma terceira pessoa assumisse o poder. O nome defendido é o do atual presidente do Congresso, Juan Ángel Saavedra, que assumiu o posto após a posse de Micheletti, de quem é aliado.
A segunda possibilidade aceita é a de que Zelaya retorne, mas sem poder. Nas bases desse acordo, o presidente deposto voltaria ao cargo com um gabinete pré-acordado e sem poderes para fazer mudanças nas Forças Armadas, na polícia e na política econômica.
Para assessores do atual presidente, não há mais confiança em Zelaya nos meios políticos e empresariais depois de ele ter insistido em promover uma consulta popular sobre a realização de uma Assembleia Constituinte, considerada ilegal por Justiça e Congresso e estopim para a sua deposição.
Estado de sítio
O primeiro sinal de mudança de posição de Micheletti foi a revogação, ontem, do decreto promulgado há uma semana que reduzia liberdades civis no país, proibindo reuniões e permitindo prisões arbitrárias. A revogação era uma exigência da OEA para iniciar as conversas.
Sobre a rádio Globo e o Canal 36, veículos pró-Zelaya fechados com base no decreto por "incitarem a insurreição" contra o regime golpista, Micheletti disse que eles deverão ir aos tribunais para resgatar os direitos de transmissão.
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100 dias de crise
Golpe em Honduras move xadrez geopolítico no continente americano.
O golpe 28 de junho
- Naquele domingo Manuel Zelaya faria, à revelia da Justiça e do Congresso, pesquisa sobre a possibilidade de convocar uma Constituinte. Na madrugada, foi preso e levado à Costa Rica.
A pressão internacional
- Golpe foi condenado por OEA, ONU, Américas e Europa (à exceção dos EUA, todos retiraram os embaixadores). Washington, União Europeia FMI e Bird congelaram ajuda.
A volta: embaixada brasileira
- Após duas tentativas frustradas, Zelaya voltou clandestinamente a Honduras em 21 de setembro. Pediu e recebeu abrigo na embaixada brasileira.
A pressão interna
- Golpista decreta estado de sítio, fecha uma rádio e um canal pró-Zelaya, para desagrado de candidatos e empresários.
Acordo?
- Golpitas e Zelaya se dizem dispostos a negociar. Ontem, Micheletti suspendeu o estado de sítio.
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