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Micheletti nega acordo para a volta de Zelaya ao poder

O ministro da Justiça do governo deposto, Victor Meza, participou das negociações e anunciou acordo, que foi negado pelo governo interino | Orlando Sierra/AFP
O ministro da Justiça do governo deposto, Victor Meza, participou das negociações e anunciou acordo, que foi negado pelo governo interino (Foto: Orlando Sierra/AFP)

Tegucigalpa - Depois de os representantes do governo golpista de Honduras e do presidente deposto Manuel Zelaya na mesa de negociações chegarem ontem a um texto consensual para resolver a crise política do país, o presidente interino, Roberto Mi­­cheletti, voltou a afirmar que "até agora, não há acordo’’.

As afirmações de Micheletti se deveram a um desentendimento sobre qual instância de poder iria ratificar o texto final. O governo interino quer que seja a Corte Suprema de Justiça, enquanto Zelaya defenderia que fosse o Congresso.

"Estão pedindo que seja o Con­­gresso a decidir se vai (Zelaya) regressar ou não. Mas esse é um assunto legal, cabe à Corte de Jus­­tiça’’, disse o presidente interino. "Amanhã (hoje), os negociadores voltam a conversar’’, acrescentou.

Embora tanto o Congresso quan­­to a Justiça tenham apoiado o golpe contra Zelaya, por considerarem ilegal a insistência do presidente deposto em promover consulta popular sobre a realização de uma Assembleia Constituinte, o Legislativo se mostrou menos fa­­vorável a Micheletti desde que Zelaya voltou ao país e se refugiou na Embaixada do Brasil, há 25 dias. O Congresso determinou, inclusive, que o presidente interino recuasse de um decreto que suspendeu liberdades civis no país e permitiu o fechamento de meios de comunicação pró-Zelaya.

Já com a restituição de Zelaya nas mãos da Corte Suprema, seu retorno ao cargo poderia ser atrasado indefinidamente, de acordo com o ritmo de votação dos magistrados. Ou, ainda, a corte poderia rejeitar sua volta.

Na embaixada

"Há um texto ainda em discussão, é o máximo que lhe posso dizer neste momento’’, disse Zelaya, após reunião com seus delegados, na Embaixada brasileira. Segundo ele, a expectativa era de que o texto definitivo para o acordo pudesse sair ainda na noite de ontem (Honduras está três horas a menos do que Brasília), com a retomada das negociações, ou na madrugada de hoje.

Na semana passada, quando uma comitiva da Organização dos Estados Americanos (OEA) esteve em Tegucigalpa para promover o diálogo entre os dois lados do conflito, Zelaya havia estabelecido o dia 15 de outubro como o prazo final para que se chegasse a um acordo para a sua volta ao poder. Caso contrário, ele prometeu não aceitar a realização das eleições marcadas para 29 de novembro, na qual será eleito o seu sucessor.

O principal representante de Zelaya nas negociações, o ex-ministro do Interior Victor Meza, disse após a reunião de ontem que o presidente deposto "aprovou o texto com algumas modificações’’, mas também se recusou a dar detalhes.

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