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O ministro da Justiça do governo deposto, Victor Meza, participou das negociações e anunciou acordo, que foi negado pelo governo interino | Orlando Sierra/AFP
O ministro da Justiça do governo deposto, Victor Meza, participou das negociações e anunciou acordo, que foi negado pelo governo interino| Foto: Orlando Sierra/AFP

Expectativa

OEA e Brasil adotam cautela sobre desfecho das negociações

Agência Estado

Tegucigalpa - A Organização dos Estados Americanos (OEA) acompanhou ontem com ansiedade a possível aprovação do esboço de acordo entre representantes do governo de fato de Honduras e do presidente deposto Manuel Zelaya para a solução da crise política do país.

A proposta prevê o retorno de Zelaya à Presidência, posto do qual foi derrubado em um golpe de Estado em junho, mas não incluiria uma anistia para ambos os lados.

Faltariam ainda alguns detalhes, como a data da restituição de Zelaya e os limites de sua autoridade.

"Estamos no momento mais delicado", disse um assessor do secretário-geral da OEA, José Miguel Insulza, ao mencionar sua apreensão com relação à resposta de Zelaya e do presidente de fato, Roberto Micheletti.

Do Rio de Janeiro, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, acompanhou a evolução dos acontecimentos, informado pelo ministro Lineu Pupo de Paula, que está na Embaixada do Brasil em Tegucigalpa, e pelo embaixador Ruy Casaes, representante brasileiro na OEA.

Ontem, a chancelaria brasileira enviou para os EUA os embaixadores Enio Cordeiro, subsecretário de Assuntos da América do Sul, e Gonçalo Mourão, diretor do Departamento de México e América Central do Itamaraty. Ambos têm a missão de discutir formas de evitar o aprofundamento da crise.

Tegucigalpa - Depois de os representantes do governo golpista de Honduras e do presidente deposto Manuel Zelaya na mesa de negociações chegarem ontem a um texto consensual para resolver a crise política do país, o presidente interino, Roberto Mi­­cheletti, voltou a afirmar que "até agora, não há acordo’’.

As afirmações de Micheletti se deveram a um desentendimento sobre qual instância de poder iria ratificar o texto final. O governo interino quer que seja a Corte Suprema de Justiça, enquanto Zelaya defenderia que fosse o Congresso.

"Estão pedindo que seja o Con­­gresso a decidir se vai (Zelaya) regressar ou não. Mas esse é um assunto legal, cabe à Corte de Jus­­tiça’’, disse o presidente interino. "Amanhã (hoje), os negociadores voltam a conversar’’, acrescentou.

Embora tanto o Congresso quan­­to a Justiça tenham apoiado o golpe contra Zelaya, por considerarem ilegal a insistência do presidente deposto em promover consulta popular sobre a realização de uma Assembleia Constituinte, o Legislativo se mostrou menos fa­­vorável a Micheletti desde que Zelaya voltou ao país e se refugiou na Embaixada do Brasil, há 25 dias. O Congresso determinou, inclusive, que o presidente interino recuasse de um decreto que suspendeu liberdades civis no país e permitiu o fechamento de meios de comunicação pró-Zelaya.

Já com a restituição de Zelaya nas mãos da Corte Suprema, seu retorno ao cargo poderia ser atrasado indefinidamente, de acordo com o ritmo de votação dos magistrados. Ou, ainda, a corte poderia rejeitar sua volta.

Na embaixada

"Há um texto ainda em discussão, é o máximo que lhe posso dizer neste momento’’, disse Zelaya, após reunião com seus delegados, na Embaixada brasileira. Segundo ele, a expectativa era de que o texto definitivo para o acordo pudesse sair ainda na noite de ontem (Honduras está três horas a menos do que Brasília), com a retomada das negociações, ou na madrugada de hoje.

Na semana passada, quando uma comitiva da Organização dos Estados Americanos (OEA) esteve em Tegucigalpa para promover o diálogo entre os dois lados do conflito, Zelaya havia estabelecido o dia 15 de outubro como o prazo final para que se chegasse a um acordo para a sua volta ao poder. Caso contrário, ele prometeu não aceitar a realização das eleições marcadas para 29 de novembro, na qual será eleito o seu sucessor.

O principal representante de Zelaya nas negociações, o ex-ministro do Interior Victor Meza, disse após a reunião de ontem que o presidente deposto "aprovou o texto com algumas modificações’’, mas também se recusou a dar detalhes.

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