O presidente de facto de Honduras, Roberto Micheletti, ignorou nesta quinta-feira (1°) a pressão dentro e fora de seu país para que revogue um decreto que suspendeu as liberdades civis, colocando um novo obstáculo para resolver a pior crise da América Central em décadas.
Empresários e políticos haviam pedido a Micheletti que reconsiderasse a suspensão da liberdade de imprensa, associação ou circulação, o que alguns interpretaram como uma fissura na coalizão que apoiou o golpe militar de 28 de junho.
Mas o presidente de facto não pareceu ceder um milímetro, mesmo com as críticas da Organização das Nações Unidas (ONU) e dos Estados Unidos.
"Não gostamos (das medidas), mas talvez foram necessárias e é preciso mantê-las pelo menor tempo possível", disse o líder da poderosa Associação Nacional das Indústrias, Adolfo Facussé.
Micheletti defendeu mais tarde suas medidas perante os juízes da Corte Suprema, onde foram apresentados 15 recursos contra o decreto, entre eles um de inconstitucionalidade.
"Só viemos escutar o conselho que podiam nos dar, se foi cometido algum erro ou não", disse o presidente de facto.
O presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, foi expulso do país há três meses por um golpe militar motivado por suas aspirações de tentar mudar a Constituição para permitir sua reeleição, como fez anteriormente o aliado presidente venezuelano, Hugo Chávez.
Mesmo com todos os setores da sociedade citando nesta quinta-feira um possível diálogo entre as partes, a restituição de Zelaya ao poder ainda parecia ser um obstáculo insuperável.
O presidente deposto voltou surpreendentemente ao país em 21 de setembro e está abrigado desde então na embaixada brasileira na capital Tegucigalpa.
- OEA condiciona mediação a acordo prévio entre Zelaya e Micheletti
- Como o impasse em Honduras pode ser resolvido?
- Parlamento de Honduras votará suspensão de ultimato ao Brasil, diz Jungmann
- Missão de deputados brasileiros visita Honduras
- Zelaya está disposto a responder à justiça se voltar à presidência
Deixe sua opinião