Santiago A presidente chilena, Michelle Bachelet, viajou ontem até a região devastada pelo terremoto de 7,7 graus na escala Richter que atingiu o norte do país na quarta-feira. Acompanhada de seus ministros de Habitação e Urbanismo, Interior, Saúde e Obras Públicas, além de autoridades da região, a presidente anunciou as primeiras medidas de combate aos estragos do terremoto que deixou dois mortos, mais de 150 feridos e 15 mil desabrigados, além de danos em infra-estrutura e imóveis que ainda não foram totalmente avaliados.
Em Tocopilla, a cidade mais afetada pelo tremor e onde a população ainda sofre com a escassez de água potável, Bachelet anunciou a construção de um novo hospital local por causa dos severos danos sofridos pelo atual. Um hospital de campanha enviado pelo Exército chileno começou a funcionar na cidade nas primeiras horas desta quinta-feira e uma primeira leva de 500 casas pré-fabricadas foi enviada de Santiago, após a confirmação de que quase quatro mil casas de Tocopilla tiveram suas estruturas comprometidas pelo terremoto.
Segundo as autoridades, deve começar a operar nas próximas horas um segundo hospital de campanha, desta vez da Força Aérea, o mesmo que foi instalado na cidade peruana de Pisco, por ocasião do terremoto ocorrido na região em agosto deste ano. As cidades de María Elena e Quillagua vivem situação similar à de Tocopilla, enfrentando a falta de água potável e a destruição total ou parcial de vários imóveis. Michelle Bachelet fez um chamado aos habitantes da zona para que se mantenham tranquilos e se organizem, já que "há instituições muito ativas, que têm planos de emergência".
Durante a visita da presidente, duas fortes réplicas do terremoto que atingiu o norte chileno na última quarta-feira foram registradas pouco depois das 13 hs (de Brasília) na região, com intensidades de 5,9 e 6,2 graus na escala Richter.
Segundo o relatório do Instituto de Sismologia da Universidade do Chile, as réplicas foram sentidas às 13h03 e às 13h06 (horários de Brasília), com seus epicentros situados a 47 e 46 quilômetros a noroeste do porto de Mejillones e a 37,8 e 35 quilômetros de profundidade, respectivamente.
As autoridades já estão avaliando danos e vítimas possivelmente causados pelos fortes tremores de ontem.
Solidariedade
O Escritório Nacional de Emergência chileno (Onemi) anunciou que os Governos de Argentina, Peru, Venezuela, Equador e Japão já ofereceram ajuda para os desabrigados. As ofertas chegaram por meio dos organismos homólogos ao Onemi nesses países, segundo disse aos jornalistas Felipe Salamanca, chefe de Defesa Civil do organismo estatal.
O governo decidiu decretar estado de calamidade nas cidades de Tocopilla, María Elena e Quillagua, e também em outras localidades dos arredores. Segundo o ministro do Interior chileno, Belisario Velasco, a medida possibilita que esse e outros ministérios "possam atuar rapidamente no envio de recursos para atender as necessidades da população".
O governo destacou também que, 24 horas depois do terremoto, não há zonas isoladas ou incomunicáveis, embora existam alguns acessos bloqueados ou prejudicados.
Em Tocopilla e María Elena, as aulas foram suspensas de forma indefinida, pois há alguns colégios danificados e outros servem como albergue aos desabrigados, enquanto que as atividades serão retomadas normalmente nas cidades de Antofagasta, Calama, Tal Tal e Mejillones nesta sexta-feira.