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Jornalistas foram reprimidos em levantes populares no Oriente Médio e norte da África em mais de 500 ataques, alguns deles mortais, segundo um organismo que defende os direitos da imprensa.

Mohamed Abdel Dayem, coordenador de programa do Comitê para Proteger Jornalistas no Oriente Médio e Norte da África, disse que o número de ataques contra profissionais de imprensa no Oriente Médio e norte da África desde o início do ano é "sem precedentes."

"Isso não havia acontecido antes, não com esta intensidade e frequência", disse Dayem, aludindo aos ataques.

Ele afirmou que 14 jornalistas foram mortos em todo o mundo até agora neste ano, sendo que dez das mortes ocorreram no Oriente Médio e norte da África. As centenas de outros ataques à mídia na região incluem detenções, destruições de equipamentos e ameaças de morte.

Embora o Comitê para Proteger Jornalistas tenha dito que a liberdade de imprensa melhorou no Egito e Tunísia desde que manifestantes derrubaram os presidentes desses dois países neste ano, descreveu a situação como tendo passado apenas de "medonha a má."

O acesso a ferramentas de redes sociais como Twitter e Facebook vai ajudar a driblar a censura tradicionalmente rígida na região, dizem especialistas, mas é incerto se a turbulência no Barein, Síria, Iêmen, Líbia e Arábia Saudita vai levar a uma democracia maior.

"Não é possível calar tantas bocas", disse Dayem. "Houve um tempo em que o número de bocas era restrito e os governos podiam calar todas elas, o tempo todo. Esse modelo deixou de ser viável."

Joe Stork, vice-diretor da divisão para o norte da África da organização Human Rights Watch, disse que as rebeliões levaram a um "ganho líquido" de liberdade de imprensa na região.

"É possível disseminar informações de lugares como Barein ou Síria, de uma maneira que não era possível dez anos atrás", disse ele.

"Tudo avaliado, está ocorrendo uma troca mais livre de informações, sem dúvida alguma, mas não porque os governos a estejam autorizando, porque não encontraram uma maneira de controlar isso", disse Stork.

Para Elliot Abrams, associado sênior de Estudos do Oriente Médio no Conselho de Relações Exteriores, um instituto de estudos, será muito mais difícil manter os limites impostos à mídia, em parte devido ao acesso maior a telefones celulares e à Internet.

"É também porque as chamadas 'revoltas árabes' deslegitimaram ainda mais a censura, assim como deslegitimaram a fraude eleitoral e o roubo de verbas públicas", disse Abrams.

"Muitos governos vão continuar tentando intimidar jornalistas fisicamente e por meio de ações legais fajutas, mas isso será cada vez menos eficaz."

Mas Malcolm Smart, diretor da Anistia Internacional para o Oriente Médio e norte da África, disse que, enquanto alguns manifestantes estão reivindicando mais liberdade para jornalistas, ainda é cedo para saber que avanços poderão ser conquistados.

"Assistimos à emergência do blogueiro, do jornalista cidadão", disse ele.

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