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Semanas depois do êxodo de estrangeiros do Líbano por mar, centenas de migrantes pobres estão deixando o país todos os dias, mas de ônibus, para fugir dos bombardeios israelenses -- mesmo que sua perspectiva seja encontrar mais guerra na terra natal.

- Achei que iria acabar, mas não acabou - disse Chamina Nroshini, natural do Sri Lanka, que trabalha há dois anos no Líbano como empregada doméstica, por US$ 100 ao mês.

A retomada dos combates entre o governo do Sri Lanka e os rebeldes tâmeis não a assusta.

- Aqui a gente fica com medo porque não tem família. Lá, pelo menos, temos gente em torno de nós - disse ela, enquanto esperava, na embaixada de seu país, pelo ônibus da ONU que a levaria até a fronteira, junto com outras centenas de pessoas.

A Organização Internacional da ONU para a Migração (OIM) está retirando centenas de cidadãos de outros países, cujos governos não têm recursos para levá-los de volta para casa. A entidade já retirou 7.690 pessoas desde o início da guerra entre Israel e o Hezbollah, no dia 12 de julho, mas está aumentando o ritmo da operação, já que a demanda está aumentando.

- Na semana passada, houve um aumento no número de pessoas buscando ajuda - disse o porta-voz da OIM, Jean-Philippe Chauzy. - Estávamos levando 400 ou 500 por dia, mas estamos pensando em dobrar esse número.

Onze ônibus lotados com mulheres do Sri Lanka estavam estacionados diante da embaixada, onde outras centenas de pessoas estavam acampadas, junto com seus pertences, à espera da oportunidade de partir. A OIM leva os refugiados de ônibus até Damasco, e depois os embarca em vôos fretados para seus países, como Etiópia e Filipinas.

- Este país tem problemas demais. É a primeira e última vez que venho para cá - disse Ramia Latak, que esperava para embarcar no ônibus.

A OIM havia estimado inicialmente que 10 mil pessoas precisariam de sua ajuda.

- Há, obviamente, mais gente que isso. A verba vai acabar no fim do mês - disse Chauzy.

Pelo menos 170 mil migrantes trabalham no Líbano, a maioria proveniente da Ásia.

- Precisamos de pelo menos mais US$ 15 milhões para ajudar mais 10 mil pessoas - disse Chauzy. - Enquanto o bombardeio continuar, as pessoas vão querer ir embora.

Uma bomba atingiu a casa onde Kay Irangali trabalhava como empregada, na cidade de Sidon.

- O dono da casa disse: Vá para o Sri Lanka, que estamos indo para os Estados Unidos - contou ela.

O táxi que a levou até Beirute, uma viagem que costuma demorar meia hora, custou-lhe um mês de salário, por causa dos perigos do trajeto.

Assim como outras organizações internacionais, a OIM não está conseguindo fazer viagens regulares para o sul do país por causa dos ataques aéreos israelenses.

Mas há outro problema além do mau estado das estradas. Muitos patrões libaneses trancaram suas empregadas domésticas em casa. O embaixador do Sri Lanka, Amanul Farouque, disse que pelo menos três chegaram à embaixada com pernas quebradas, por ter tentado escapar pela varanda.

- Às vezes os patrões as trancam. Elas tentaram escapar usando a cortina da janela - disse ele.

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