O presidente eleito da Argentina, Javier Milei, anunciou nesta terça-feira (21) um ajuste "de choque" nas contas públicas do país, com medidas que visam frear as obras iniciadas pelo último governo peronista e cortar drasticamente os gastos na Casa Rosada. As declarações foram feitas durante uma entrevista com o jornalista Alejandro Fantino, da rádio argentina Neura FM.
Segundo o libertário, o ajuste que será promovido colocará o fisco argentino em equilíbrio até o final do próximo ano. “Vou fazer um ajuste de choque. O ano de 2024 tem que terminar com equilíbrio fiscal”, afirmou.
Um dos planos do novo eleito é o de realizar uma correção fiscal de 15 pontos percentuais do Produto Interno Bruto (PIB) que, segundo os últimos dados do Banco Central, está estimado em US$ 487,2 bilhões (aproximadamente R$ 2,3 trilhões). Os números oficiais atualizados pelo Banco Central argentino apontam que a dívida bruta do país chegou a 88,4% do PIB no 2º trimestre deste ano.
Apesar disso, Milei garantiu que "os mais pobres não serão afetados pelas reformas", mas o impacto recairá, principalmente, sobre a classe política. "Propomos que o ajuste seja pago pela política, mas isso significa nos envolvermos às custas da política, em questões onde a política rouba”, afirmou.
Com as implementações do próximo ano, "2025 será brilhante, com uma taxa de inflação caindo e os salários voando em dólares", prometeu o novo presidente durante a entrevista.
Sobre os gastos públicos, Milei ainda afirmou que o Estado está sem dinheiro e as obras públicas devem ser transferidas para a administração privada. “Não temos dinheiro. Com isso, as obras podem ser entregues ao setor privado e concluídas lá. Vamos para um sistema de iniciativa privada ao estilo chileno. Não há dinheiro. Se não fizermos o ajuste fiscal, iremos para o hiper”, disse.
O libertário ainda cortou as expectativas de seus nomeados que tenham planos de grandes orçamentos para o ano que vem. “Ministro que mais gasta comigo, eu sinto muito. 2024 terminará com equilíbrio fiscal”.
Milei não descartou o aumento da inflação, que já alcança níveis meteóricos, nos próximos meses. “Tempos difíceis virão. Sabemos que o risco de hiperinflação existe e faremos todos os esforços para o evitar. Buscamos um déficit fiscal de ajustamento muito forte para chegar a um déficit financeiro zero. Isso significaria que podemos pagar as nossas dívidas".
Durante a campanha, o agora eleito presidente apresentou uma série de propostas que mudam a estrutura do país. À rádio argentina, Milei disse que, a partir do dia 11 de dezembro, será apresentado ao Congresso um "pacote de reformas importantes" com as quais os representantes poderão trabalhar.