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O presidente da Argentina, Javier Milei, culpou nesta segunda-feira (24) os “degenerados fiscais”, em uma referência implícita aos deputados e senadores que votam a favor de regras para aumentar os gastos públicos, pelo recente aumento do risco-país argentino, enquanto o Congresso demora para aprovar definitivamente o principal projeto de seu governo para desregulamentar a economia.
Milei criticou “degenerados fiscais que querem romper o equilíbrio fiscal e o fazem intencionalmente, com a pior malícia”, culpando-os pelo aumento do risco-país, durante uma entrevista à Radio Mitre.
O risco-país está hoje em 1.438 pontos-base, quando em abril analistas esperavam que caísse para 1,2 mil. O patamar quando Milei assumiu a presidência, em dezembro do ano passado, era de 2 mil pontos.
“Isso gerou toda uma situação que teve impacto sobre o mercado de títulos; os preços dos títulos caíram, e o risco-país aumentou”, afirmou Milei, além de acrescentar que o valor da taxa de juros argentina sobre os títulos do Tesouro dos EUA se move na direção oposta à dos preços.
“O risco-país tem a ver com as condições de pagamento da Argentina”, declarou.
A Argentina teve “um superávit financeiro recorde e histórico em maio” e acumulou “um superávit tão grande” que “mais do que compensou os números sazonalmente ruins de junho”, disse o presidente. “Portanto, não havia motivo para que o risco-país aumentasse, mas, ao contrário, o risco-país deveria ter caído”, enfatizou Milei.
O presidente da Argentina acrescentou que “a tentativa de desestabilização golpista e de quebrar o equilíbrio fiscal por parte de certos grupos da oposição fez com que o preço dos títulos caísse”.
O governo argentino obteve um superávit fiscal de 0,4% do PIB nos primeiros cinco meses do ano, contra um déficit fiscal de 6% em 2023, ao custo de um forte ajuste nos gastos públicos.
Porém, ainda não conseguiu terminar de aprovar no Congresso a chamada Lei de Bases e Pontos de Partida para a Liberdade dos Argentinos, um ambicioso projeto com o qual Milei busca executar seu plano econômico libertário.
Neste mês, os deputados da oposição conseguiram aprovar uma nova fórmula para ajustar as aposentadorias e pensões, o que implica um aumento nos gastos públicos (0,4% do PIB). Milei já antecipou que, se essa medida também for aprovada no Senado, ele a vetará.