O candidato à presidência da Argentina pela coalizão A Liberdade Avança, o economista libertário Javier Milei, prometeu nesta quinta-feira (24) que o seu programa de governo - que ataca a "casta" política, prevê a dolarização da economia e a eliminação do Banco Central - fará o país "resistir e ser uma potência mundial dentro de 35 a 50 anos”.
O presidenciável, que ficou em primeiro lugar nas primárias argentinas de 13 de agosto, afirmou que “o modelo de liberdade” que propõe “uma verdadeira mudança” inclui três gerações de reformas e que “excede amplamente” a vida política.
“Sabemos que é um longo caminho”, comentou Milei em seu discurso na 20ª edição do Conselho das Américas, realizado em Buenos Aires ontem.
O candidato disse ainda que pretende “em última análise, fechar o Banco Central” e tem em mãos quatro propostas técnicas para dolarizar a economia.
“Meu compromisso de acabar com a inflação não é negociável”, disse Milei, em um momento em que o aumento anual dos preços é superior a 113% na Argentina.
“Se a política de continuar roubando não nos deixar passar as reformas, vamos reagir de forma exagerada ao ajuste fiscal para que doa mais na política”, comentou, em resposta a uma das principais críticas que recebe, relacionada à falta de estrutura política para realizar suas reformas.
"Quebrem as algemas, saiam da escravidão mental, não se deixem roubar por criminosos chamados políticos. Sejam livres, não se deixem enganar. Foram eles que fizeram deste país uma miséria. Vamos nos levantar e voltar a ser grandes", afirmou.
O público, no entanto, quase não aplaudiu as propostas de Milei, apesar do auditório do hotel no centro de Buenos Aires estar repleto de empresários, a quem o economista chamou de “heróis” que consertam a vida das pessoas.
Milei propôs uma reforma do Estado para manter apenas oito ministérios, o que inclui uma “redução drástica da despesa pública”, “encerrar obras públicas”, eliminar transferências discricionárias e subsídios econômicos.
Além disso, prometeu uma “redução ambiciosa da regulamentação”, uma “modernização do mercado de trabalho” e uma reforma que afetará o sistema de aposentadoria.
O candidato também confirmou “um claro alinhamento geopolítico” com Estados Unidos e Israel (“Não vamos nos alinhar com os comunistas”) e prometeu que, uma vez que a Argentina seja competitiva nas esferas fiscal e trabalhista, será capaz de “abrir-se unilateralmente ao mundo e aproveitar os benefícios do comércio exterior".
Ainda nessa quinta-feira (24), sua possível chanceler no governo, Diana Mondino, criticou a decisão do atual governo de entrar no grupo Brics, que expandiu a entrada para outros seis membros (Argentina, Arábia Saudita, Irã, Egito, Etiópia e Emirados Árabes Unidos). "Não há um benefício objetivo à Argentina, é apenas um exemplo de improvisação do governo, com finalidade política", afirmou ao portal Corta.
A Liberdade Avança venceu as primárias com 30,04% dos votos, à frente da coalizão opositora de centro-direita Juntos pela Mudança (28,27%), cuja disputa interna foi vencida pela ex-ministra da Segurança Patricia Bullrich, e da coalizão governista União pela Pátria (27,27%), liderada pelo atual ministro da Economia, Sergio Massa. (Com informações da Agência EFE)