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O governo de Javier Milei quer privatizar a operação de rodovias da Argentina, atualmente administradas pela estatal Corredores Viales, informaram fontes oficiais nesta quinta-feira (10).
“O governo decidiu colocar nas mãos do setor privado a gestão para operar e manter as rodovias nacionais sob concessão, que em sua maioria estão a cargo da Corredores Viales”, anunciou o porta-voz presidencial, Manuel Adorni, em entrevista coletiva.
Adorni argumentou que essa empresa estatal tem um déficit operacional de US$ 30 milhões, que, até dezembro de 2023, foi financiado com recursos do Tesouro argentino e que, desde que Milei assumiu o cargo, em 10 de dezembro do ano passado, vem aplicando aumentos de tarifas.
“A empresa não cumpriu com os padrões mínimos de operação e manutenção”, explicou Adorni.
“Por esse motivo, qualquer empresa nacional ou internacional que apresente o seguro exigido em cada caso poderá participar da licitação para administrar o serviço de forma mais eficiente”, acrescentou o porta-voz, que classificou a iniciativa como “uma abertura sem precedentes para a transparência”.
Ele também anunciou que as informações preliminares para os interessados na licitação serão divulgadas nos próximos dias nos sites do Ministério da Economia, do Ministério da Desregulamentação e Transformação do Estado e da Secretaria de Transportes.
Adorni declarou que as empresas que se tornarem concessionárias “cobrarão a taxa de concessão somente quando tiverem colocado toda a rota em condições”.
O governo argentino estima que o Estado economizará US$ 5,6 bilhões e informou que o processo de licitação será realizado em duas etapas.
Em dezembro de 2024, será aberta a licitação para dois trechos do corredor 18, rodovia que liga as províncias de Corrientes e Entre Ríos com a província de Buenos Aires, cuja concessão expira em abril de 2025. Em fevereiro de 2025, a segunda licitação será feita para 8.648 quilômetros distribuídos em 12 trechos que representam 20% da rede de rodovias argentinas, mas concentram 80% do tráfego.
No início da década de 1990, as rodovias nacionais foram privatizadas por meio de um esquema de concessão, que permitiu que diferentes empresas cobrassem pedágios e, ao mesmo tempo, assumissem a responsabilidade pela manutenção das rotas.
A crise de 2001 e o subsequente colapso do regime de conversibilidade e a pesificação dos pedágios afetaram a equação econômica e financeira das empresas, e o fracasso em renegociar os contratos levou várias delas a iniciar reivindicações no Centro Internacional para Resolução de Disputas sobre Investimentos.
Os contratos assinados na década de 1990 expiraram em 2003. Desde então, os governos de Néstor Kirchner e Cristina Kirchner aplicaram um sistema misto de cobrança de pedágios suspeito de corrupção.
O governo posterior ao de Cristina, de Mauricio Macri, tentou implementar projetos de participação público-privada, sem sucesso, e em 2019 a estatal Corredores Viales começou a operar como concessionária das rodovias nacionais.