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O presidente da Argentina, Javier Milei, visitou nesta quinta-feira (8) o kibutz Nir Oz, no sul de Israel, uma das localidades mais castigadas pelo ataque do Hamas no dia 7 de outubro e lar de uma grande comunidade de israelenses de origem argentina.
"Foi uma visita realmente comovente, que abalou até a alma", disse Milei, que percorreu a comunidade acompanhado pelo presidente de Israel, Isaac Herzog.
Cerca de 400 pessoas viviam em Nir Oz e mais de um quarto de seus habitantes foi vítima do Hamas: 49 foram mortos e 67 sequestrados, dos quais 40 foram libertados. Estima-se que nove dos reféns restantes estejam mortos.
"Estamos diante de um claro ato de terrorismo, de antissemitismo e, sem dúvida, estamos diante do que seria uma expressão do nazismo no século XXI. De fato, os métodos que eles usaram são um resquício daqueles utilizados naquela atrocidade", declarou Milei.
O presidente argentino viu as casas queimadas, algumas delas completamente carbonizadas; as janelas arrancadas; as fachadas crivadas com balas e até mesmo alguns vestígios de sangue que ainda permanecem daquele dia fatídico, quatro meses atrás.
O libertário aproveitou a visita ao kibutz para reiterar seu apoio total a Israel, do qual se declarou "amigo leal". Embora não seja judeu, Milei abraçou o judaísmo e tem um rabino de confiança, além de uma firme intenção de fortalecer os laços com o país.
Além de ser o destino de uma de suas primeiras viagens oficiais, Milei se comprometeu a declarar o Hamas como grupo terrorista, medida que provavelmente se tornará efetiva nos próximos dias. Também anunciou a transferência da embaixada da Argentina de Tel Aviv para Jerusalém, um gesto de apoio à reivindicação de Israel de declarar essa cidade como sua capital única e indivisível.
Quando Israel anexou unilateralmente em 1980 a metade oriental de Jerusalém - ocupada desde 1967 -, a comunidade internacional transferiu suas embaixadas para Tel Aviv em protesto contra essa medida.
No entanto, desde que o ex-presidente dos EUA, Donald Trump, reabriu a embaixada do país em Jerusalém em 2018, outros países, como Guatemala e Honduras, seguiram seus passos, e outros, como Hungria e Argentina, expressaram sua intenção de fazer o mesmo.
Sobre a atual guerra na Faixa de Gaza, Milei destacou seu apoio à "legítima defesa de Israel" e voltou a exigir a libertação imediata de todos os sequestrados, especialmente os cidadãos de seu país. No total, 18 argentinos foram sequestrados no kibutz próximo à Faixa de Gaza, e 12 ainda estão sendo mantidos em cativeiro, como a família Bibas.
Shiri Bibas é argentina-israelense e mãe de Ariel, de quatro anos, e Kfir Bibas, as únicas crianças que ainda estão no território palestino, sendo que Kfir foi sequestrado aos nove meses de idade e já fez aniversário de um ano. O Hamas alegou que todos os três foram mortos em bombardeios israelenses, mas as autoridades de Israel não conseguiram verificar essa informação.
"O que tornou possível o Holocausto nazista foi justamente a indiferença do mundo livre", disse Milei.
Por sua vez, Herzog chamou os ataques do Hamas de "o mais bárbaro e sádico dos tempos modernos, especialmente desde o Holocausto, contra os judeus de todo o mundo":
O presidente da Argentina - país que abriga a quinta maior comunidade judaica do mundo e a maior da América Latina - reuniu-se com parentes das vítimas do Hamas na embaixada antes de partir na sexta-feira para Roma, onde continua sua viagem diplomática e deve se encontrar com o papa Francisco.
Milei chegou a Israel na terça-feira (6), quando se encontrou com Herzog e foi rezar no Muro das Lamentações.
Nesta quarta (7), ele se reuniu com o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, com quem concordou em estreitar os laços econômicos, visitou o Museu do Holocausto e percorreu a Cidade Velha de Jerusalém, além de realizar várias reuniões com empresários israelenses.