Milhares de funcionários públicos egípcios, desde motoristas de ambulância até policiais e empregados do setor de transportes, protestaram hoje no Cairo exigindo melhores salários e condições de trabalho. A onda de reivindicações trabalhistas ocorre na esteira do levante que derrubou o presidente Hosni Mubarak, na sexta-feira.
Nas proximidades do prédio da televisão estatal, centenas de funcionários do setor de transporte público pediram melhores salários. Várias centenas de manifestantes da estatal Organização Juventude e Esportes também protestaram hoje, na Praça Tahrir, com demandas similares. Ao longo do rio Nilo e no distrito de Gizé, centenas de motoristas de ambulância fizeram um protesto, também exigindo melhores pagamentos e estabilidade no emprego. Eles estacionaram pelo menos 70 ambulâncias perto da margem do rio, mas não bloquearam a rodovia principal durante o ato.
No centro do Cairo, 200 policiais protestaram por melhores salários pelo segundo dia consecutivo. Eles querem também limpar o nome da odiada polícia do país, maculada ainda mais pela repressão violenta aos protestos. Alguns levavam retratos de policiais mortos nos confrontos dos últimos dias.
O Banco Central do Egito ordenou que bancos pelo país fechassem, após uma greve de funcionários do Banco Nacional, o maior estatal do país. Amanhã, ocorre o feriado nacional para marcar o nascimento do profeta islâmico Maomé, no século VII. Agora, o cronograma é para que os bancos reabram na quarta-feira. Já a Bolsa de Valores deve ficar fechada pelo menos na quarta-feira e na quinta-feira, último dia útil da semana no Egito. Um anúncio anterior afirmava que a bolsa seria reaberta na quarta-feira.
O comando militar que assumiu o poder após a saída de Mubarak afirmou que a segurança e o retorno à normalidade são as prioridades no momento. Os militares pediram aos egípcios que retornem ao trabalho, após 18 dias de protestos que fizeram centenas de turistas estrangeiros deixarem o país. O setor de turismo é um dos mais importantes para o Egito e foi duramente atingido pelos distúrbios.
Ontem, o comando militar dissolveu o Parlamento e suspendeu a Constituição, além de prometer eleições. Os militares defenderam o governo provisório, liderado pelo primeiro-ministro Ahmed Shafiq e com vários partidários de Mubarak, como necessário para a estabilidade, mas afirmaram que em breve haverá mudanças. As informações são da Associated Press.