Milhares de sírios cruzaram a fronteira com a Turquia hoje fugindo da repressão militar. Forças de elite com o apoio de helicópteros e tanques foram enviadas para uma cidade do norte que estava saindo do controle do governo. Tropas lideradas pelo irmão do presidente Bashar Assad retomaram ontem o controle de Jisr al-Shughour após terem bombardeado a cidade.
Mas os moradores continuam aterrorizados. Mais de 6 mil sírios já buscaram refúgio na Turquia, quase a metade nos últimos dias, deixando a província de Idlib, onde fica Jisr al-Shughour. Em Altinozu, na Turquia, dois refugiados sírios deram um quadro sombrio sobre a vida do outro lado da fronteira. "Há 7 mil pessoas do outro lado da fronteira, mais mulheres e crianças estão se aproximando do arame farpado", disse Abu Ali, que saiu de Jisr al-Shughour. "Jisr está acabada, está arrasada", acrescentou.
O primeiro-ministro da Turquia acusou o regime de Assad de "selvageria", mas também disse que entraria em contato com o líder sírio para ajudar a resolver a crise. Governos árabes, que de forma incomum têm apoiado a intervenção da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) na Líbia, têm permanecido silenciosos sobre a repressão na Síria, temendo que a alternativa a Assad seja o caos. O país abriga uma mistura sectária com alto potencial explosivo e é visto como uma potência regional com influência em acontecimentos nos vizinhos Israel, Líbano e Iraque.
A revolta em Jisr al-Shughour representa a mais séria ameaça ao regime de Assad desde que protestos contra seu governo tiveram início em meados de março. Assad fez algumas concessões, mas milhares de pessoas realizam manifestações semanais, inspiradas pelos protestos na Tunísia, Egito e em outros países e afirmam que não vão parar até que o presidente deixe o poder.
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