Milhares de pessoas tomaram as ruas da Venezuela nesta quarta-feira (23) para protestar contra o regime de Nicolás Maduro. A data é especial pois foi em 23 de janeiro de 1958 que, por meio de um golpe de estado, se colocou fim à ditadura do general Marcos Pérez Jiménez, que estava no poder desde 1948.
Convocada pela oposição, a mobilização nacional teve início às 10h (12h em Brasília). Fotos e vídeos nas redes sociais mostram grandes concentrações de pessoas pelas ruas de Caracas, onde o ponto de encontro será na Praça João Paulo II. Há também multidões em cidades de outros estados, como Táchira, Barinas, Aragua, Bolivar, Nueva Esparta, Mérida e Portuguesa.
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Já nas primeiras horas de manifestação, em algumas localidades, houve repressão por parte das forcas de segurança. Em El Paraíso, distrito nos arredores de Caracas, um repórter da NTN24 flagrou o momento em que um agente da Polícia Nacional Bolivariana lança uma bomba de gás lacrimogêneo para dispersar os manifestantes que estavam tentando se reunir em uma praça. Na confusão, um manifestante foi preso. Os policiais ainda tentaram impedir o repórter de continuar a gravação.
Os aliados de Maduro também começam a se encontrar em pontos de concentração para as manifestações organizadas pelo governo. O governo acusa a oposição de tentar provocar derramamento de sangue.
Tensão
Os protestos contra Maduro já haviam começado espontaneamente na segunda-feira (21), em Cotiza (Caracas), quando 27 militares se rebelaram contra o regime. A vizinhança, em apoio ao grupo, deu início a um protesto que posteriormente se espalhou para diversas regiões da capital.
Nesta terça-feira (22) até às 23h, segundo o Observatório Venezuelano de Conflito haviam sido confirmados 63 protestos, grande parte deles em regiões que são tradicionalmente enclaves chavistas – diferentemente das áreas de classe média e alta no lado leste de Caracas, onde os atos anti-Maduro se concentraram nos últimos anos. Foi nesta madrugada que manifestantes atearam fogo em uma estátua do ex-presidente Hugo Chávez, na cidade de San Felix.
Segundo a imprensa local, pelo menos duas pessoas morreram nos protestos desde segunda-feira, com ferimentos de arma de fogo. A ONG venezuelana Foro Penal informou que, neste período, ao menos 43 manifestantes foram presos, 30 deles são menores de idade.
Protestos fora do país
Ainda nem havia amanhecido na Venezuela quando, do outro lado do mundo, venezuelanos já haviam dado largada ao dia de protestos contra a ditadura de Nicolás Maduro.
Na Austrália, foram registrados protestos nas cidades de Melbourne, Brisbane e Sidnei.
“Temos que lutar todos. Temos que dar incentivo aos nossos amigos na Venezuela, às famílias, a todos aqueles que estão lá para trabalhar, temos que lhes dar forças para sair às ruas, forças para resistir”, disse um cidadão venezuelano residente em Melbourne. Sua fala foi seguida por gritos de “liberdade” entre os manifestantes.
Em Hong Kong, na China, e em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos também ocorreram pequenos pontos de encontro de venezuelanos, que levaram cartazes para protestar contra o regime chavista.
Em maior concentração, cidadãos venezuelanos se reuniram na Espanha. Em Alicante, eles deram início à manifestação entoando o hino nacional da Venezuela.
Também foram registrados protestos na Itália.