O carro funerário com o corpo do presidente polonês Lech Kaczynski é acompanhado pela população nas ruas no centro de Varsóvia| Foto: Franciszek Mazur/Reuters
Velas e flores deixadas em frente do palácio presidencial da Polônia
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Varsóvia - Dezenas de milhares de poloneses cantaram o Hino Nacional e jogaram flores no carro funerário que transportou ontem o corpo do presidente Lech Kaczynski ao palácio presidencial. O mandatário polonês, sua esposa Ma­­ria e outras 94 pessoas foram mor­­tas na ma­­nhã do último sá­­bado num desastre aéreo na Rús­­sia.

O corpo de Kaczynski foi recebido pela filha do casal Marta e por Jaroslaw Kaczynski, irmão gêmeo do presidente morto e ex-primeiro-ministro da Polônia.

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Um dos chefes da comissão in­­vestigadora russa, Alexandre Bastrykin, disse que não foi uma falha técnica que provocou o acidente aéreo. Bastrykin fez a de­­claração ao primeiro-ministro russo Vladimir Putin.

O avião que transportou o cor­­po de Kaczynski chegou da cidade russa de Smolensk na manhã de domingo. No total, 96 pessoas morreram no desastre, informou o governo da Rússia. A chancelaria polonesa confirmou o número de mortes. O presidente polonês, o comandante da Marinha da Polô­nia, o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas da Polônia e o presidente do Banco Central da Polô­nia estavam no avião.

A comitiva iria prestar uma homenagem a 22 mil militares poloneses mortos pela NKDV, a polícia secreta da União Sovié­tica, em 1940, sob as ordens do ditador Joseph Stalin.

Segundo informações da agência Ansa, os corpos de todos os ou­­tros mortos no desastre foram levados a Moscou, onde serão identificados. A mãe de Lech Kaczynski, Jadwiga, foi hospitalizada. Vasily Piskarev, vice-chefe da comissão in­­­vestigadora russa, disse que até agora foram identificados 24 corpos, a maioria a partir de roupas e documentos de identidade dos mortos. Ele disse que poderá ser difícil identificar algumas vítimas.

A morte do presidente polonês e de grande parte da cúpula militar e do governo do país foi recebida com uma profunda tristeza pela população.

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"Ele ensinou a nós poloneses como respeitarmos nossas tradições, como lutar pela nossa dignidade e acabou fazendo seu sacrifício final naquele local trágico", disse Boguslaw Staron, um morador de Varsóvia de 70 anos.

O porta-voz do governo Pawel Gras disse que as forças armadas e os escritórios do governo continuam a funcionar normalmente, ape­­­­sar da perda devastadora. Mi­­chael Boni, funcionário do escritório do primeiro-ministro Donald Tusk, disse que o governo permanece em contato constante com o vice-chefe do Banco Nacio­nal da Po­­lônia, o BC polonês, Piotr Wie­sio­­­­­­lek. O presidente em exercício, o líder do Parlamento Bronislaw Komo­rowski, disse que convocará eleições em 14 dias, segundo a Cons­­­­­ti­­tuição. As eleições devem ocorrer em 60 dias após a convocação.

Kaczynski deu indicações de que buscaria um segundo mandato nas próximas eleições, mas enfrentaria uma dura disputa com Komorowski e seu partido governista, o moderado Platafor­ma Cívi­ca. Kaczynski era do partido conservador.

Em Moscou, o Ministério dos Transportes da Rússia disse que investigadores russos e poloneses começaram a decifrar os da­­dos gravados do voo do Tupolev 154, que caiu enquanto tentava pousar em meio a um denso nevoeiro em Smolensk.

O governo regional de Smo­lensk disse que a torre de controle do aeroporto alertou os pilotos poloneses a não tentarem pousar no aeroporto militar da cidade russa por causa do intenso nevoeiro. Segundo os russos, os pilotos fo­­ram aconselhados a desviar o voo para Moscou ou para Minsk, a capital da Bielo-Rússia.

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O ex-presidente da Polônia, prêmio Nobel e fundador do movimento Solidariedade, Lech Wale­­sa, disse que é muito cedo para culpar qualquer pessoa pelo desastre. "Alguém deveria estar tomando decisões naquele avião. Não acredito que o piloto tenha tomado decisões sozinho" disse Walesa aos repórteres.

"Isso não é possível. Eu voei muito como presidente e sei que quando existiam dúvidas durante o voo, os pilotos sempre perguntam aos líderes e pedem uma decisão, e a partir disso, eles decidem. Algumas vezes, a decisão era contra as instruções do líder", afirmou Walesa.