Milhares de pessoas começaram ontem uma jornada de mobilizações em apoio ao presidente Evo Morales, uma resposta à marcha dos indígenas amazônicos que se opõem à construção de uma estrada que cortará um parque nacional na Bolívia.
Camponeses, indígenas, mineiros e funcionários públicos fazem uma marcha entre as cidades de El Alto e La Paz, onde o presidente deveria participar ontem da concentração em defesa do governo e do "processo de mudanças" que lidera na Bolívia.
Uma das representantes dos produtores de coca, Leonilda Zurita, disse à imprensa local que a mobilização tem o objetivo de defender Morales e a construção da estrada.
A imprensa local divulgou que funcionários de entidades governamentais disseram ter sido obrigados a participar das manifestações, inclusive levando terceiros, sob ameaça de sanções.
Ontem o presidente boliviano antecipou que o dia 12 de outubro também seria um dia de reflexão, em alusão à data da chegada de Cristóvão Colombo à América, em 1942, o que ele já chamou, em outras ocasiões, de "invasão europeia".
A Câmara dos Deputados da Bolívia, dominada pelo partido do presidente Evo Morales, aprovou ontem um projeto de lei rejeitado pelos indígenas amazônicos porque só adia e não cancela definitivamente a construção da estrada que partirá em duas uma reserva nacional.
A lei, aprovada pela maioria governista na Câmara, estabelece a suspensão temporária da obra no Território Indígena Parque Nacional Isiboro Sécure (Tipnis) enquanto se consulta os nativos da reserva natural sobre o projeto.
"Com essa norma jurídica, abre-se a possibilidade legal à consulta, na medida que nossos companheiros mobilizados pedirem, e se suspende toda a construção", disse à imprensa o presidente da Câmara dos Deputados, o governista Hector Arce.
Apesar da rejeição dos indígenas que exigem o veto definitivo da construção no Tipnis, a lei já passou pelo Senado, onde o governo também tem maioria. "Nossa decisão é clara, a estrada não deve atravessar o Tipnis", disse o dirigente aimara Rafael Quispe à Radio Pan-americana.
Quispe acrescentou que, antes de consultar os habitantes da reserva, o governo deveria anular o contrato com o Brasil, que financia o projeto.
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