Milhares de manifestantes foram às ruas neste sábado (05) na França, principalmente em Paris, contra a "Lei de Segurança Global", que proíbe que os cidadãos filmem e publiquem ações da polícia. Há muitos coletes amarelos participando dos protestos. Carros foram incendiados e lojas depredadas no centro de Paris. Segundo o ministério do Interior, 22 pessoas foram presas.
As manifestações acontecem após o músico Michel Zecler, negro, ter sido espancado de forma gratuita por policiais. As imagens da agressão foram parar nas redes sociais, no dia 26 de novembro, provocando indignação em todo o país.
"Eles mancharam o uniforme da República", afirmou o Ministro do Interior francês, Gérald Darmanin, se pronunciando sobre o caso. Zecler chegava ao seu estúdio musical sem usar máscara. Temendo ser penalizado com uma multa, ele tentou entrar rapidamente em seu estúdio. Três policiais o seguiram e o espancaram, além de tentar forçar a entrada e jogar uma bomba de gás lacrimogêneo no estúdio.
Zecler ficou preso por 48 horas, acusado de resistir à prisão e atacar os policiais. As acusações foram retiradas após o vídeo vir à tona.
Os protestos deste sábado em Paris e várias outras cidades da França, como Tolouse, Montpellier e Rennes, se conectam com o episódio pois se a Lei de Segurança Global, que está sendo promovida pelo presidente Emmanuel Macron, estivesse em vigor, provavelmente Michel Zecler ainda estaria detido, e de forma injusta. A lei prevê prisão de até um ano e uma multa que pode chegar a 45 mil euros (equivalente a R$ 280 mil) para quem transmita "o rosto ou qualquer outro elemento que possa identificar" policiais em ação se o objetivo for "prejudicá-los física ou mentalmente".