Milhares de seguidores do clérigo xiita Moqtada Al Sadr fizeram nesta sexta-feira uma passeata contra o acordo que autoriza a permanência militar dos Estados Unidos no Iraque até 2011.
Na praça Firdos, em Bagdá, onde soldados dos EUA derrubaram uma estátua de Saddam Hussein há alguns anos, os manifestantes destruíram uma imagem do presidente George W. Bush.
O acordo, já aprovado por ambos os governos, agora está sendo discutido no Parlamento iraquiano. Ele estabelece que as tropas dos EUA parem de percorrer as ruas do país até meados de 2009, e deixem totalmente o Iraque até 31 de dezembro de 2011.
De acordo com o tratado, os soldados norte-americanos só poderão fazer prisões se tiverem mandato judicial, e empresas dos EUA ficarão sujeitas à lei local.
Ao final de meses de complicadas negociações, o primeiro-ministro Nuri Al Maliki obteve concessões importantes dos EUA. Maliki ridicularizou os sadristas por terem rejeitado a data estabelecida no acordo, depois de passarem anos exigindo um cronograma para a retirada.
Bush sempre foi contra os cronogramas. Já seu sucessor, o democrata Barack Obama, prometeu na campanha eleitoral retirar as forças de combate no Iraque num prazo de 16 meses após sua posse, em janeiro.
O boneco de Bush colocado pelos sadristas na praça Firdos mostra o presidente dos EUA carregando uma mala com os dizeres "O pacto da subserviência e da vergonha." Os manifestantes atiraram garrafas no boneco, derrubaram-no, rasgaram-no e queimaram-no.
"Estou com vocês em expulsar o ocupante do jeito que acharem melhor", disse Sadr em mensagem lida por um clérigo de turbante branco. A multidão respondeu aos gritos de "Deus é grande".
Sob o olhar de atiradores de elite militares postados nos telhados próximos, os manifestantes se ajoelharam para rezar antes de saírem em passeata, aos gritos de "nunca, nunca o pacto."
Hazim Al Araji, assessor de Sadr, disse à Reuters que a sexta-feira foi "o dia da unidade iraquiana entre árabes, curdos, todas as comunidades do Iraque, para rejeitarem o pacto de segurança". "Essa gente está aparecendo para provar que o pacto de segurança é inútil", acrescentou.
Autoridades disseram que o protesto transcorreu sem incidentes.
Enquanto os sadristas rejeitam totalmente o acordo, outros grupos manifestam restrições a alguns detalhes. O governo iraquiano assinou o acordo nesta semana, e o Parlamento deve votá-lo na semana que vem.
A violência no Iraque caiu ao menor nível desde o início da guerra, mas militantes ainda realizam atentados rotineiros. Na manhã de sexta-feira, três pessoas morreram e 15 ficaram feridas devido à explosão de uma bomba numa calçada próxima a um posto de controle policial no bairro de Doura, zona sul de Bagdá.
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