Milhares de iraquianos saíram às ruas nesta sexta-feira em todo o país num Dia de Fúria em protesto contra a corrupção e a falta de serviços básicos.
As manifestações foram inspiradas nas revoltas que varrem outros países do mundo árabe, embora no caso iraquiano o foco não seja reivindicar a mudança do regime.
Com cartazes e bandeiras iraquianas, centenas de pessoas afluíram à praça Tahrir, em Bagdá, que estava sob forte segurança. A ponte Jumhuriya, perto dali, foi bloqueada, e veículos foram proibidos de circular na capital.
"Estamos aqui para mudar para melhor a situação do país. O sistema educacional é ruim. O sistema de saúde também é ruim. Os serviços vão de mal a pior", disse Lina Ali, 27 anos, que participa de um grupo juvenil de protesto no Facebook.
"Não há água potável, não há eletricidade. O desemprego está crescendo, e isso pode empurrar os jovens para atividades terroristas", disse ela.
Oito anos depois da invasão norte-americana que depôs o presidente Saddam Hussein, o desenvolvimento no Iraque continua lento, e há escassez de alimentos, água, eletricidade e empregos.
"Nossa manifestação é pacífica", disse Ali, segurando um ramalhete de flores. "Queremos que o governo ouça nossas vozes, o governo que escolhemos. Eles deveriam oferecer serviços ao povo. Outros países estão pressionando pela mudança, então por que ficaríamos em silêncio?"
Em Hawija, no norte do país, pelo menos duas pessoas morreram e 22 ficaram feridas em confrontos entre manifestantes e forças de segurança, segundo uma fonte policial.
Houve outros seis feridos na localidade de Sulaiman Pek, também no norte, segundo uma fonte hospitalar.
Os protestos desta sexta-feira foram organizados principalmente por meio da rede social Facebook, a exemplo do que aconteceu com as manifestações que acabaram derrubando os governos da Tunísia e Egito nas últimas semanas.
Cidades grandes e pequenas do Iraque vêm registrando um aumento nos protestos desde o começo do ano. Várias pessoas já foram mortas e feridas em confrontos envolvendo manifestantes e forças de segurança.
O primeiro-ministro Nuri al Maliki reafirmou o direito dos iraquianos a manifestações pacíficas, mas advertiu-os na quinta-feira de que não deveriam participar do "Dia de Fúria", alegando haver possibilidade de violência por parte da Al Qaeda e do proscrito partido Baath, que apoiava Saddam.