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Cerca de dois mil manifestantes reuniram-se na capital de Timor Leste nesta terça-feira para exigir a renúncia do primeiro-ministro Mari Alkatiri. Eles o acusaram de ser o responsável pela onda de violência que destruiu áreas da cidade.

Dentro de caminhões, ônibus ou em cima de motos, os manifestantes gritavam "derrubem Alkatiri!", enquanto davam apoio ao presidente Xanana Gusmão. A carreata foi escoltada por forças de paz internacionais ao ingressar em Dili.

O major Augusto de Araújo Tara, porta-voz do protesto, leu uma petição pedindo que Gusmão "dissolva o Parlamento nacional agora e deponha o governo de Mari Alkatiri".

A petição defendeu a instalação de um governo de transição em Timor Leste, um país jovem liderado por Gusmão, e a realização de eleições parlamentares neste mês. Inicialmente, o pleito seria realizado em maio de 2007.

O país viu-se atingido por uma onda de violência depois de o governo ter dispensado 600 soldados que denunciaram casos de discriminação dentro das Forças Armadas contra soldados vindos do leste. Os responsáveis pelos atos discriminatórios seriam oficiais do oeste do país.

Em um primeiro momento, houve confrontos entre policiais e soldados. Mas agora as ruas de Dili são palco frequente da ação de gangues de jovens do leste e do oeste do território timorense, que entram em choque e realizam saques.

O premiê da Austrália, John Howard, afirmou que falhas administrativas do governo de Timor Leste eram as responsáveis pela espiral de violência.

Enquanto os manifestantes percorriam a capital, passando na frente do Parlamento, milhares de moradores de Dili aglomeravam-se nas calçadas para saudá-los.

Segundo estimativas, cerca de cem mil pessoas abandonaram suas casas devido à violência, acampando no terreno de igrejas e em estacionamentos.

Gusmão pediu novamente o fim da violência.

- Estou orgulhoso da vinda de vocês e fico feliz com a vinda de vocês - afirmou aos manifestantes. - Mas peço que voltem a seus locais de origem porque há muitos problemas que precisam ser resolvidos. Não quero ver mais nenhuma casa queimada. Chega de incêndios, chega de assassinatos.

Os manifestantes acabaram deixando a cidade, escoltados por soldados australianos e malaios que integram a força de paz de 2.500 membros enviada a Dili.

- Claro que, em uma democracia, todos têm o direito de vir e protestar - disse o tenente-coronel Mick Mumford, da Austrália. - Minha função é garantir que não haja violência.

Centenas de jovens teriam saqueado um armazém localizado perto do centro de Dili, na terça-feira, levando máquinas agrícolas, sacos de grãos, placas de metal e fertilizante. Nuvens de fumaça saíam de construções incendiadas por jovens.

As diferenças entre o leste e o oeste de Timor, cuja população é de cerca de um milhão de pessoas, surgiram pela primeira vez no violento plebiscito de 1999, quando o país optou por tornar-se independente da Indonésia.

Apesar de serem étnica e linguisticamente idênticos, os timorenses ocidentais são considerados mais pró-Indonésia enquanto os orientais, mais pró-independência.

Timor Leste tornou-se independente em 2002, depois de ter sido administrado pela Organização das Nações Unidas (ONU) durante dois anos e meio, depois do plebiscito.

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