Milhares de manifestantes contrários ao casamento entre pessoas do mesmo sexo marcharam pelo centro de Paris ontem, quando era comemorado o Dia das Mães francês. Com o apoio do governo, o Parlamentoda França aprovou uma legislação que oficializa uniões entre homossexuais no último dia 18 de maio.
"Último Dia das Mães antes da liquidação", afirmava um cartaz em meio à multidão de manifestantes, muitos dos quais gritavam palavras de ordem contra o governo socialista. Membros da extrema-direita do país, durante o protesto, penduraram cartazes na sede do partido governista, pedindo que o presidente François Hollande renuncie ao cargo que ocupa há mais de um ano.
Os protestos, que começaram como uma campanha fortemente apoiada pela Igreja Católica, tornaram-se um movimento maior, que une políticos da oposição e militantes da extrema-direita descontentes com Hollande. Este foi o terceiro do tipo. Cento e cinquenta mil pessoas participaram, segundo a polícia, e "mais de um milhão", de acordo com os organizadores.
Minoria
Pouco mais da metade dos franceses apoia a lei que permite o casamento e a adoção de crianças por gays e mais de 70% acreditam que os protestos deveriam acabar. Mesmo assim, as manifestações contribuíram para as baixas taxas de popularidade de Hollande.
O movimento espera que a demonstração de força interrompa ou adie outras legislações que permitem a procriação assistida e as mães de aluguel para casais gays, coisas que alguns socialistas buscam aprovar. Nos últimos dias, a tensão aumentou entre o governo socialista e o principal partido de oposição, a UMP, de direita, acusada pelo primeiro-ministro Jean-Marc Ayrault de ter uma "grande responsabilidade" ao "causar tensão e radicalização".
Principal alvo, o líder da UMP, Jean-François Cope, esteve presente na marcha de ontem. Ele aproveitou a oportunidade para chamar os opositores ao casamento gay a "transformar seu envolvimento nesta questão em compromisso político", unindo-se ao seu partido.
O ministro do Interior francês, Manuel Valls, mobilizou 4.500 policiais para garantir a segurança do protesto.