Milhares foram às ruas na noite de sexta-feira (8) em diversas cidades americanas para protestar contra a morte de dois homens negros pela polícia. O evento ocorre um dia após cinco policiais serem mortos pelo francoatirador Micah Xavier Johnson, veterano de guerra negro que disse querer matar policiais brancos, em um protesto similar em Dallas, no Texas.
Os manifestantes fecharam vias em Nova York, Atlanta e Filadélfia. Atos similares atraíram grande público também em San Francisco. Em Phoenix, no Arizona, seis pessoas ficaram feridas e três foram presas. Alguns manifestantes jogaram pedras contra os agentes, que usaram gás lacrimogêneo contra a multidão.
Vídeos divulgados na internet mostram ainda atos em Baton Rouge, na Louisiana, onde dois policiais dispararam contra um homem negro, Alton Sterling, 37, e o mataram, enquanto tentavam detê-lo, na última terça-feira (5). “Sem justiça, sem paz, sem polícia racista”, gritavam os manifestantes em Baton Rouge, onde a polícia municipal e estadual tentava impedir que bloqueassem uma rodovia movimentada.
A maior das manifestações desta sexta-feira (8) foi em Atlanta, onde milhares marcharam com cartazes com pedidos de justiça. O prefeito da cidade, Kasim Reed, afirmou em seu perfil no Twitter que a manifestação foi grande, mas pacífica. Cerca de dez pessoas foram detidas.
Um dos organizadores do protesto em Atlanta, o ator e modelo Sir Maejor disse que o movimento Black Lives Matter (vida dos negros importa, em inglês) condena a violência contra a polícia. Ele afirmou, contudo, que entende a frustração que levou ao tiroteio de quinta-feira contra os policiais. “Eu tenho que ser honesto. Eu entendo porque foi feito. Eu não encorajo, eu não apoio, eu não justifico. Mas eu entendo”, disse.
Esse foi o segundo dia consecutivo de manifestações contra o uso excessivo de força pelos policiais após a morte de Sterling e Philando Castile, 32. Um policial disparou contra Castile ao parar seu carro em uma blitz em Falcon Heights, subúrbio de St. Paul, no Minnesota.
As mortes agravaram a tensão racial que se espalha pelos EUA desde 2014, quando o jovem negro Michael Brown, 18, suspeito de roubar um pacote de cigarros, foi morto por um oficial branco. O caso deslanchou semanas de protestos (alguns violentos) em Ferguson. A cidade no Missouri é 67% negra, e só três de seus 53 policiais não eram brancos à época.
Presidente
Em meio aos novos protestos, o presidente Barack Obama decidiu encurtar sua viagem à Europa para viajar a Dallas no início da semana que vem. A visita vem após o convite do prefeito da cidade, Mike Rawlings, em um esforço para acalmar a tensão no local.
O ataque contra os policiais de Dallas, que deixou outros sete agentes feridos, ocorreu por volta das 20h45 locais (22h45 em Brasília), quando Johnson abriu fogo contra um grupamento de cem homens que escoltava um ato contra violência policial, com cerca de 800 manifestantes, a poucas quadras da praça onde John F. Kennedy foi assassinado, em 1963.
Quase três horas depois da primeira rajada de tiros, negociadores começaram a tentar convencê-lo a se entregar, no segundo andar de um edifício-garagem. O atirador respondeu que o fim estava próximo e que ele machucaria e mataria mais policiais e que havia bombas espalhadas pelo centro da cidade.
Johnson foi morto por um “robô-bomba”, comandado à distância e armado com explosivos, segundo a polícia.
Outros três suspeitos estão sob custódia -dois foram detidos a bordo de uma Mercedes preta, perseguida em alta velocidade por viaturas.
A relação do trio com o ataque mais mortal a forças policiais americanas desde os atentados de 11 de setembro de 2001 ainda não foi esclarecida. Acredita-se que Johnson foi o único a apertar o gatilho.
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