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Divisão

Milhões votam em referendo pela independência do Sul do Sudão

Sudanês do Sul deposita seu voto na urna no primeiro dia de votação, em Juba, no referendo que vai decidir a independência da região | Tim McKulka / Reuters
Sudanês do Sul deposita seu voto na urna no primeiro dia de votação, em Juba, no referendo que vai decidir a independência da região (Foto: Tim McKulka / Reuters)

Milhões de sudaneses do Sul do país foram às urnas neste domingo (9) votar em um referendo aguardado há muito tempo para decidir a independência da região devastada por guerras, que deve tornar-se uma nova nação.

Longas filas foram formadas do lado de fora das zonas eleitorais antes do amanhecer na capital do Sul, Juba, onde faixas descreviam a votação, que terá uma semana de duração, como "A Última Marcha para a Liberdade" após décadas de guerra civil e a repressão do Norte do Sudão.

"Estou votando pela separação", afirmou Nhial Wier, um veterano da guerra civil Norte-Sul e que foi às urnas. "Este dia marca o fim de minhas batalhas. No Exército, eu lutava por liberdade. Eu estava lutando pela separação".

O referendo foi prometido em um acordo de paz em 2005, que encerrou a guerra civil mais longa da África, causada pelo petróleo e pelas diferenças étnicas entre a maioria muçulmana do Norte e o Sul, onde a maior parte da população segue o cristianismo.

No Norte, a chance de perda de um quarto do país e a maior porção de seu petróleo foi recebida com resignação e ressentimento.

O presidente sudanês, Omar Hassan al-Bashir, que fez campanha pela unidade antes da votação, tem dado declarações cada vez mais conciliatórias e, neste mês, prometeu se juntar à festa da independência caso esse seja o resultado.

O presidente norte-americano, Barack Obama, afirmou no sábado que um referendo pacífico e organizado pode ajudar o Sudão a voltar a ter relações normais com os Estados Unidos após anos de sanções, mas alertou que, se o pleito for caótico, pode haver mais isolamento.

O presidente do Sul, Salva Kiir, pediu paciência aos eleitores nas longas filas, após votar às 8h da manhã (no horário local).

"Eu acredito que o Doutor John (Garang) e todos aqueles que morreram com ele estão conosco hoje, e quero ter certeza de que eles não morreram em vão", afirmou, referindo- se a um líder rebelde do Sul, que morreu em um acidente de helicóptero meses após assinar o acordo.

Juba e Cartum já pareciam capitais de dois diferentes países neste domingo. Em Juba, o ator George Clooney e o senador norte-americano John Kerry se misturaram à multidão dançante. Os eleitores do lado de fora das zonas eleitorais cantavam uma versão do hino "Este é um dia que o Senhor preparou".

"É algo tocante ver as pessoas votando de verdade pela sua liberdade. Não é algo que você vê muito em sua vida", afirmou Clooney à Reuters.

Em Cartum, as zonas eleitorais estavam vazias, e os distritos do Sul estavam calmos. Dezenas de milhares de sulistas retornaram do exílio para votar.

Ambos os lados estão negociando há meses sobre como dividirão as receitas do petróleo - o principal motor de suas economias - caso haja a separação, além de outros assuntos da secessão. Não há sinal de avanços.

O Sul também terá de enfrentar as rivalidades étnicas internas e resolver uma disputa com o Norte sobre o comando da região de Abyei, onde houve relatos de combates envolvendo nômades árabes na sexta-feira e no sábado.

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