A organização Médicos Sem Fronteiras denunciou nesta sexta-feira (14) que cerca de mil pessoas, em sua maioria muçulmanas, estão sitiadas há duas semanas em uma igreja em Carnot, na República Centro-Africana.
O templo foi cercado por milícias cristãs, que os ameaçam de morte. O grupos armados tomaram conta do país em dezembro, após derrotarem a coalizão muçulmana Seleka.
Os islâmicos comandaram o governo por nove meses, depois de derrubarem o governo do presidente cristão François Bozizé. Segundo a entidade, os islâmicos se refugiaram na igreja a partir de janeiro, mas a situação começou a se complicar no dia 1º, com a saída dos rebeldes islâmicas e a chegada das milícias cristãs, conhecidas como anti-Balaka.
Os grupos radicais cristãos afirmam que vão matar todos os muçulmanos e fizeram diversas ameaças de morte ao padre que protege os islâmicos em sua paróquia.
Enquanto isso, os milicianos fazem buscas em casas de Carnot, em busca de muçulmanos. A ONG diz que, na semana passada, sete pessoas foram mortas e três ficaram feridas após serem esfaqueadas durante uma dessas revistas.
Os feridos só conseguiram atendimento médico após duas horas de negociações entre os rebeldes e a Médicos Sem Fronteiras. Desde o 21 de janeiro, a entidade afirma ter tratado 69 pessoas com ferimentos provocados pelo conflito.
O temor fez com que milhares de islâmicos deixassem a cidade e fugissem em direção a Camarões, sem antes enfrentar o risco de ataque no trajeto, de cem quilômetros.