Com poucas horas de diferença entre um ataque e outro, o grupo terrorista Houthi reivindicou dois novos bombardeios contra alvos no Mar Vermelho, nesta terça-feira (6). Somando a outros episódios que ocorreram desde o início da guerra de Israel contra o Hamas, a milícia iemenita já orquestrou dezenas de agressões visando embarcações internacionais que navegam pelas rotas marítimas da região, como do Reino Unido e dos Estados Unidos, listados entre os maiores exércitos do mundo.
Os recentes ataques revelaram uma surpreendente força bélica do grupo sediado no país mais pobre do Oriente Médio, o Iêmen. Fortemente apoiados pelo Irã, os milicianos possuem um arsenal significativo, incluindo mísseis de cruzeiro e drones, usados para atingir navios comerciais que transitam às margens do país. Desde a mobilização dos militantes, as investidas dos terroristas viraram uma dor de cabeça para as potências ocidentais, que têm retribuído os bombardeios a partir de uma coalizão multinacional de segurança marítima, criada para proteger os navios no Mar Vermelho e no Golfo de Aden.
Desde outubro, os Houthis levaram a cabo um conflito paralelo contra Tel Aviv e seus apoiadores, sob a justificativa de estarem contribuindo com o povo palestino em Gaza, ignorando todos os alertas do Ocidente sobre as consequências dessas ações.
Com isso, as forças dos EUA e do Reino Unido já atingiram dezenas de alvos no que disseram ser uma tentativa de evitar maiores perturbações na rota marítima vital para suas economias. A China também convocou representantes iranianos para conter os ataques a navios no Mar Vermelho, sob o risco de prejudicar as relações entre Teerã e Pequim.
No entanto, tais mobilizações dos países que acessam as rotas do Oriente Médio não parecem surtir efeito sobre a escalada do conflito iniciada pelo grupo iemenita.
Atualmente, os Huthis controlam aproximadamente um terço do território do Iêmen e mais de dois terços da população do país. Desde 2014, quando tomaram a capital Saana durante a guerra civil, eles desenvolvem continuamente suas capacidades militares, por meio do patrocínio do regime iraniano, tanto na aquisição de equipamentos bélicos quanto no treinamento de afiliados. Outras milícias da região, como o Hezbollah no Líbano, também contribuem com a organização.
Além das armas e do treinamento, o Irã também trabalha com o repasse de informações para os milicianos. Segundo revelou uma fonte ao jornal americano The Wall Street Journal, o regime islâmico tem coletado dados e informações sobre as embarcações que navegam pelo Mar Vermelho e enviado para a milícia iemenita organizar e realizar seus ataques. Essas informações estariam sendo coletadas através de um navio iraniano e servem para identificar quais embarcações ocidentais devem ser atacadas na região.
“Os houthis não têm tecnologia de radar para atingir os navios”, disse anonimamente ao jornal americano um oficial de segurança. Segundo ele, sem a ajuda de Teerã, os mísseis lançados pelo grupo “simplesmente cairiam no mar”.
O arsenal de armas do grupo é basicamente composto por equipamentos ou componentes iranianos que chegam ao Iêmen de forma clandestina. Os Houthis demonstraram capacidades militares significativas nos últimos anos, particularmente na utilização de mísseis balísticos, de cruzeiro e veículos aéreos não tripulados (UAV) armados. Entre os itens que se destacam está o Typhoon, uma versão rebatizada do famoso míssil Qadr iraniano com um alcance de 1.600 a 1.900 quilômetros.
Enquanto a nação iemenita está afundada em uma das maiores crises humanitárias do mundo, a milícia Houthi segue com sua ideologia profundamente enraizada no sentimento antissemita, fundamentalista islâmico e antiamericano, como está estampado no próprio slogan de sua bandeira: “Alá é grande, morte para os EUA, morte para Israel, maldição para os Judeus, vitória para o Islã”.
Esse discurso é um dos principais motivos que garantem o apoio do regime iraniano e organizações terroristas presentes no Oriente Médio à guerra paralela do grupo contra Israel e seus aliados ocidentais.