A ofensiva sobre o norte do Iraque dos insurgentes sunitas, liderados pelo Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL), ganhou força ontem depois da entrada do grupo em Tikrit, capital da província de Salah ad-Din, a apenas cem quilômetros de Bagdá.
O exército iraquiano, que bombardeia com caças as zonas controladas pelos rebeldes em Salah ad-Din, parece ser incapaz de frear os rebeldes.
Após tomar o controle da segunda maior cidade do Iraque, Mossul, na terça-feira, grupos jihadistas entraram em Tikrit, berço do ditador Saddam Hussein, onde mantêm duros confrontos com as forças institucionais.
O primeiro-ministro, Nouri al-Maliki, que pediu para que o Parlamento decrete estado de emergência, afirmou que poderão combater a insurgência "sem ajuda de ninguém", mas ao mesmo tempo pediu que população civil pegue em armas para recompor as maltratadas forças do governo.
A debandada de oficiais e altos cargos que aconteceu ontem em Mossul e na província de Ninawa levou Maliki a falar de uma "conspiração" contra o governo.
Enquanto isso, o EIIL, cada vez mais desafiador por suas últimas conquistas, proclamou que manterão o avanço em outras regiões do país.
"Com a permissão de Alá, não pararemos essa série de benditas conquistas até que Deus cumpra suas promessas ou nós morramos", segundo o comunicado do EIIL publicado em fóruns utilizados habitualmente pelos jihadistas.
Apesar de o EIIL liderar a iniciativa dos insurgentes, líderes tribais sunitas explicaram à Agência Efe que a crise no Iraque não envolve somente o grupo jihadista, mas também outros movimentos sunitas contra o Executivo do xiita Maliki.
O xeque Mohammed al Biyari, um dos mais destacados na província ocidental de Al-Anbar, qualificou o ataque como uma "revolução popular dos iraquianos contra as injustiças que sofreram".
De acordo com o líder tribal sunita, junto com o EIIL lutam o Exército dos Homens da Ordem Naqshabandi uma milícia baathista leal ao ex-vice-presidente de Saddam Hussein, Izzat al-Douri; o Exército dos Mujahedins que lutou contra os EUA, e conselhos tribais.
Turquia ameaça retaliar se reféns forem feridos
Reuters
A Turquia alertou ontem que vai retaliar se qualquer um dos seus 80 cidadãos, incluindo soldados das forças especiais, diplomatas e crianças, sequestrados por um grupo dissidente da Al-Qaeda durante uma operação-relâmpago no norte do Iraque, forem feridos.
Embaixadores da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) fizeram uma reunião de emergência em Bruxelas a pedido da Turquia.
O primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, conversou com o presidente Abdullah Gul, o chefe de inteligência e o chefe de gabinete e ainda com o vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, sobre os desdobramentos.
Vítimas
Insurgentes sunitas do Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL) raptaram ontem 49 pessoas do consulado turco na cidade de Mossul, incluindo o cônsul-geral, familiares e forças especiais turcas.
Os militantes também detêm 31 caminhoneiros turcos em uma estação de energia elétrica em Mossul sequestrados na última terça-feira, quando o EIIL ocupou a segunda maior cidade iraquiana em uma demonstração de força contra o governo liderado pelos xiitas em Bagdá.