Militantes iraquianos que mantêm uma alemã e seu filho como reféns disseram nesta terça-feira que deram um novo prazo de 10 dias para a Alemanha retirar suas tropas do Afeganistão, sob ameaça de matá-los.
O grupo Flechas da Justiça exibiu um vídeo na Internet mostrando Hannelore Marianne Krause exortando os alemães a pressionarem o governo para atender às exigências dos militantes. Ela chora em uma parte do vídeo.
O grupo deu um ultimato anterior até 10 de março. Os dois foram capturados em sua casa na zona oeste de Bagdá no início de fevereiro.
"Peço ao povo alemão para me ajudar em minha situação difícil", disse Krause, de acordo com a tradução em árabe de seus comentários. Somente algumas partes da declaração puderam ser ouvidas.
"A Alemanha estava salva antes de envolver-se nesta coalizão satânica com a América contra o que chamam de terrorismo", disse Krause, que foi mostrada sentada no chão, perto do filho.
A Alemanha, que foi contra a invasão do Iraque liderada pelos Estados Unidos em 2003, tem cerca de 3.000 soldados no Afeganistão, como parte da força da Otan levada ao país depois que tropas internacionais, sob comando norte-americano, derrubaram o Taliban, em 2001, por ter dado abrigo a Osama bin Laden, líder da Al Qaeda.
"Talvez pela última vez...eu peço. Talvez vocês possam ir aos jornais, organizar uma marcha de protesto, entrar em contato com gente que possa ajudá-los. Por favor, por favor, por favor", disse, falando para um filho e uma filha que moram na Alemanha.
Em Berlim, uma porta-voz do Ministério do Exterior recusou-se a comentar o novo prazo final. Ela disse que a equipe do ministério responsável pela crise está trabalhando intensamente no caso.
Um militante que também falou no vídeo, mas sem ser visto, disse: "Estamos dando ao governo alemão mais 10 dias para começar a retirar suas tropas do Afeganistão, ou podemos matar essa criminosa e seu filho, que trabalha no Ministério das Relações Exteriores do governo (do primeiro-ministro, Nuri-al) Maliki."
O militante disse que a mulher foi alvo em parte por trabalhar na Embaixada austríaca em Bagdá. "A Áustria é um governo hostil ao Islã e aos muçulmanos e também tem tropas para matar nossas crianças no Afeganistão", disse.
Krause disse no vídeo: "Exorto também a Áustria a apoiar-me, já que trabalhei muitos anos na seção comercial (austríaca)...a Áustria também tem tropas no Afeganistão e agora vou ser morta por causa disso. Peço por favor que me ajudem."
A Áustria disse no mês passado que tinha cinco oficiais no Afeganistão e que não planejava mandar mais tropas.
Krause é casada com um médico iraquiano e mudou-se para o Iraque há 40 anos. Seu filho, segundo relatos, está na casa dos 20 anos de idade e tem cidadania dupla - alemã e iraquiana.
O governo alemão disse que está trabalhando para tentar garantir a libertação dos reféns, mas que não será chantageado.