Andares superiores do hotel Taj Mahal, onde turistas são feitos reféns, foram incendiados após invasão do exército| Foto: Punit Paranjpe/Reuters

Centenas de pessoas, incluindo estrangeiros, eram mantidas reféns por militantes islâmicos na capital financeira da Índia nesta quinta-feira, após ataques a hotéis de luxo, a hospitais e a um bar que mataram pelo menos 101 pessoas.

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Cerca de 15 horas após o início da crise, mais de 100 outras pessoas permanecem presas no hotel Taj Mahal e no cinco estrelas Trident/Oberoi, cercadas por centenas de policiais.

Segundo uma testemunha da Reuters, uma explosão foi ouvida no Trident/Oberoi no final da quinta-feira.

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A polícia disse que seis estrangeiros foram mortos e outras 287 pessoas ficaram feridas nos ataques, reivindicado pelo pouco conhecido grupo Deccan Mujahideen.

"Libertem todos os mujahideen (guerreiros da guerra santa), e muçulmanos vivendo na Índia não devem ser incomodados", disse um militante do Oberoi a uma emissora de TV por telefone.

O homem, que identificou-se apenas como Sahadullah, disse que era uma das sete pessoas que realizou o ataque no hotel e pediu que militantes islâmicos sejam soltos das cadeias indianas.

Pelo menos dois hóspedes, presos em seus quartos no Taj, também telefonaram para emissoras de TV. Um disse que as saídas de emergência foram trancadas, o outro disse ter visto dois corpos próximos à piscina.

Comandos do Exército invadiram o Taj Mahal - onde os terroristas mantinhas centenas de reféns - nas primeiras horas desta quinta-feira (horário local). Pouco depois, os andares superiores do hotel foram incendiados. A polícia afirma que dois terroristas foram mortos.

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"Dois dos meus colegas ainda estão lá dentro e a última informação que tive deles foi há três horas quando a bateria do telefone acabou", disse um alemão que conseguiu fugir do Taj.

Mumbai já presenciou uma série de ataques no passado, mas nenhum tendo os estrangeiros como alvo tão claro.

As autoridades fecharam os mercados de ações, de títulos e de câmbio. O banco central indiano informou que vai continuar a fazer leilões para manter o fluxo de recursos no mercado interbancário de crédito.

Nos EUA, o presidente eleito Barack Obama prometeu trabalhar ao lado da Índia, para "destruir as redes terroristas". No Reino Unido, o primeiro-ministro, Gordon Brown, disse que o ataque foi "ultrajante" e terá uma "resposta vigorosa."

Tiros Indiscriminados

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Um dos primeiros alvos do ataque de quarta-feira foi o Café Leopold, muito freqüentado por turistas estrangeiros.

Eles abriram fogo indiscriminadamente com armas automáticas, e atiraram granadas antes de se dirigirem para a ocupação dos hotéis Taj e Oberoi.

"Pode haver 100 a 200 pessoas dentro do hotel (Oberoi), mas não podemos lhes dar uma cifra exata, já que muita gente se trancou nos quartos", disse a jornalistas o vice-ministro-chefe do Estado de Maharashtra, R.R. Patil.

"Pode haver 10 a 12 terroristas dentro o hotel", acrescentou. "Não há negociações com os terroristas."

Os agressores pareciam buscar especialmente britânicos e norte-americanos para serem tomados como reféns. Israelenses também foram capturados, segundo uma TV, enquanto a polícia informou que um rabino israelense estava sendo mantido como refém num apartamento de Mumbai.

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Testemunhas disseram que os agressores eram jovens na faixa dos 20 anos, com aspecto o sul da Ásia - provavelmente indianos, falando os idiomas hindi ou urdu.

As TVs mostraram homens armados disparando rifles contra os transeuntes ao passarem sobre uma picape por uma rua de Mumbai.

Funcionários dos hotéis foram retirados, feridos, em carrinhos de bagagem. Transeuntes que participaram do socorro ficaram cobertos de sangue. Algumas pessoas conseguiram fugir por escadas apoiadas nas paredes.

A onda de ataques pode ser mais um golpe para o governo do Partido do Congresso, que disputa eleições gerais no começo de 2009. O partido já estava sendo criticado por não ter conseguido impedir uma série de atentados a bomba em várias cidades indianas.

O especialista em segurança estratégica Uday Bhaskar disse que os incidentes devem agravar as tensões entre a maioria hindu e a minoria muçulmana. "O fato de que eles estivessem tentando segregar os portadores de passaportes britânicos e americanos definitivamente sugere um fervor islâmico", afirmou.

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