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Religião

Militantes islâmicos se voltam para o norte da África, diz Tunísia

Militantes islâmicos estão alterando seu foco do sudoeste da Ásia para o norte da África, intensificando as ações violentas na região, disse o presidente da Tunísia, Moncef Marzouki, em entrevista publicada nesta terça-feira.

Políticos islâmicos moderados, reprimidos com violência durante décadas por ditadores árabes laicos, obtiveram poder e influência depois das rebeliões populares na Tunísia, na Líbia e no Egito. Mas grupos militantes armados, inclusive a ala norte-africana da Al Qaeda, também se beneficiaram de lacunas na segurança interna durante as transições na região.

Marzouki disse ao jornal pan-árabe Al Hayat que alguns radicais salafistas da Tunísia têm ligações com a Al Qaeda, e que os países do norte africano vão formar até o fim do ano uma frente unida contra a crescente ameaça da militância islâmica.

"O centro do movimento terrorista está se deslocando atualmente do Afeganistão e Paquistão para a região do Magreb Árabe..., e o grande perigo está à nossa porta", disse Marzouki.

Segundo ele, os estimados 3 mil salafistas (radicais islâmicos) na Tunísia são "um câncer" para o país, o primeiro do mundo árabe a ter derrubado uma ditadura durante a onda de rebeliões populares da chama Primavera Árabe.

Marzouki, um político secular que governa em coalizão com o partido islâmico moderado Ennahda, disse que negociar com os militantes é inútil, e que a ameaça representada por eles deve ser enfrentada por meios jurídicos.

"(Os militantes) estão presentes principalmente na Líbia e Argélia, especialmente no sul", disse o presidente, referindo-se a zonas desérticas desses países, onde há escasso policiamento e uma tradicional resistência tribal à autoridade central.

"Há um problema de segurança atualmente ameaçando toda a região do Magreb Árabe... Todas as nossas fronteiras meridionais estão ameaçadas por esse problema atualmente. É preciso haver uma resposta unificada de todos os países."

No mês passado, os salafistas predominavam na multidão que atacou a embaixada dos EUA na Tunísia, num protesto contra um filme ofensivo ao profeta Maomé. Incidentes semelhantes ocorreram em vários outros países islâmicos, levando à morte do embaixador dos EUA na Líbia.

Depois disso, a Al Qaeda no Magreb Islâmico (AQMI) incentivou os muçulmanos a mataram mais representantes do governo dos EUA na região - especialmente na Líbia, Tunísia, Marrocos e Mauritânia.

A AQMI surgiu durante a guerra civil dos anos 1990 na Argélia, mas gradualmente ampliou-se para o sul, na direção do Saara, e ganhou notoriedade nos últimos anos com atentados e sequestros de ocidentais.

Marzouki também defendeu o envio de uma força de paz árabe à Síria para evitar o caos numa eventual transição, caso o presidente Bashar al-Assad sucumba à rebelião que enfrenta há 18 meses.

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