O grupo militante sunita Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL), que assumiu o controle de parte do território da Síria e do Iraque, declarou formalmente o estabelecimento de um Estado Islâmico nesses locais.
O EIIL também exige fidelidade dos muçulmanos de todo o mundo, movimento que pode intensificar as tensões com outros grupos militantes.
Com uma eficiência brutal, o grupo, que foi ligado à Al-Qaeda, controla um território tão extenso que efetivamente apagou a fronteira entre Iraque e Síria ao estabelecer as fundações desse novo "Estado".
A declaração feita no último domingo, o primeiro dia do mês sagrado do Ramadã, pode dar início a uma onda de confrontos envolvendo facções militantes sunitas que formam uma frouxa aliança para realizar ações em todo o Iraque.
O porta-voz do EIIL declarou que o chefe do grupo, Abu Bakr al-Baghdadi, é o líder do novo califado, ou Estado Islâmico, e convocou os muçulmanos de todo o mundo, não apenas os que estão em áreas sob seu controle, a jurar lealdade a Baghdadi.
"A legalidade de todos os emirados, grupos, Estados e organizações se torna nula com a expansão da autoridade do califa e a chegada de suas tropas", declarou o porta-voz Abu Mohammed al-Adnani em mensagem de áudio postada na internet. "Ouçam seu califa e o obedeçam. Apoie nosso Estado, que cresce a cada dia."
Adnani não deu uma definição clara a respeito do território do novo Estado, que vai do norte da Síria até a província iraquiana de Diyala, a nordeste de Bagdá.
Ele disse que com o estabelecimento do califado e a consequente quebra de fronteiras , o grupo muda seu nome para apenas Estado Islâmico, retirando a menção ao Iraque e ao Levante.
Extremistas muçulmanos sonham há muito tempo com a criação do Estado Islâmico, que governaria o Oriente Médio.
Anúncio deve acirrar disputas entre os sunitas
Das agências
Especialistas preveem que a declaração do EIIL pode provocar lutas internas entre os militantes sunitas que uniram forças com o grupo em lutas contra o governo xiita do primeiro-ministro iraquiano Nouri al-Maliki.
O maior impacto, porém, pode ser no movimento jihadista de uma forma mais ampla, em particular no futuro da rede terrorista Al-Qaeda.
Fundado por Osama bin Laden (1957-2011), o grupo que realizou os ataques de 11 de Setembro nos Estados Unidos carrega há muito tempo o manto da causa jihadista no âmbito internacional. Mas o EIIL conseguiu fazer na Síria e no Iraque o que a Al-Qaeda nunca fez: tomar uma grande extensão de território no coração do mundo árabe e controlá-lo.