Yangun A junta militar de Mianmar (ex-Birmânia) ameaçou ontem adotar ações não especificadas contra os monges budistas que desde a semana passada vêm se manifestando em várias cidades contra o regime.
A ameaça foi feita após mais de 100 mil pessoas entre elas 20 mil monges marcharem ontem em Yangun, capital do país, no maior protesto desde 1988 quando manifestações contra o regime militar imposto desde 1962 foram violentamente suprimidas pelo Exército. Acredita-se que pelo menos 3 mil pessoas foram mortas. O aterrorizante massacre levou a maioria dos birmaneses à submissão.
Grã-Bretanha, EUA, Cingapura, União Européia e o dalai-lama pediram à junta militar que não use a força contra os manifestantes. O assessor de Segurança Nacional dos EUA, disse que o presidente americano, George W. Bush, anunciará hoje, em seu discurso na Assembléia-Geral da ONU, sanções adicionais contra o regime militar de Mianmar, como forma de pressionar por mais democracia no país asiático.
O governo militar não impediu a gigantesca manifestação, mas ontem à noite denunciou a participação dos monges, dizendo que eles foram instigados pelos inimigos internos e externos do regime.
O ministro de Questões Religiosas, o general Thura Myint Maung, foi citado pela rádio estatal advertindo que "ações serão tomadas contra os monges que participam das marchas de acordo com a lei se eles não puderem ser contidos pelos ensinos religiosos". Falando a membros de alto escalão do Conselho Estadual dos Monges, Maung disse que os protestos foram incitados por "elementos destrutivos que não querem ver paz, estabilidade e progresso no país".
As manifestações contra as condições econômicas no país foram intensificadas no dia 19, quando os monges assumiram a liderança das marchas, adotando os temas do movimento pró-democracia: reconciliação nacional (diálogo entre o governo e os partidos de oposição), libertação dos presos políticos e condições adequadas de vida.
No primeiro dia de protesto, os monges foram dispersados com bombas de gás lacrimogêneo, mas voltaram no dia seguinte exigindo desculpas. Durante as marchas, muitos têm carregado suas tigelas de arroz de cabeça para baixo, indicando sua recusa em receber as almas dos membros do Exército.
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