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Crise

Militares assumem controle de cidade boliviana na Amazônia

Militares bolivianos fortemente armados ocupam o centro da cidade de Cobija, em Pando: governador Leopoldo Fernández foi preso por acusações de orquestrar um massacre de camponeses | Ivan Alvarado / Reuters
Militares bolivianos fortemente armados ocupam o centro da cidade de Cobija, em Pando: governador Leopoldo Fernández foi preso por acusações de orquestrar um massacre de camponeses (Foto: Ivan Alvarado / Reuters)

As Forças Armadas bolivianas consolidaram nesta terça-feira (16) seu controle sobre a pequena cidade amazônica de Cobija, capital do Departamento de Pando, onde aconteceram os piores incidentes na atual onda de violência política no país.

"Tomara que isso traga paz à região, depois de tanta violência entre irmãos", disse Lino Mihauchi, diretor da rádio local Frontera, enquanto os militares dispersavam dezenas de moradores que gritavam a favor e contra Fernández na praça central.

Um comandante militar assumiu o governo do Departamento, cuja sede ficou sob a proteção do Exército.

O progressivo aumento da presença militar nas ruas não parece incomodar os moradores da cidade, cerca de 1.000 quilômetros ao norte de La Paz e separada da fronteira brasileira no Acre apenas por um rio.

Mas os protestos e o fechamento do aeroporto local aos vôos comerciais há mais de três semanas já começam a provocar incômodos aos cerca de 30 mil habitantes da capital pandina, cuja principal atividade econômica é o comércio, graças a seu status de zona franca.

Nesta terça-feira (16), pelo quinto dia consecutivo, a maioria dos estabelecimentos não abriu - inclusive bancos, que disseram estar sem dinheiro.

Em La Paz, o ministro de Governo (Casa Civil), Alfredo Rada, manifestou confiança em uma rápida normalização da região.

"O estado de sítio está restabelecendo a ordem pública e a tranquilidade no Departamento de Pando. Já se procederam algumas detenções que permitiram baixar o nível de agressividade que alguns dias atrás permanecia na cidade de Cobija", disse Rada a jornalistas.

O governador Fernández é acusado pelo governo central de contratar pistoleiros que realizaram uma emboscada contra uma caravana que se dirigia a uma assembléia em prol do presidente Evo Morales. O incidente deixou 15 mortos, 37 feridos e 106 desaparecidos, segundo a contagem oficial mais recente.

O ministro da Defesa, Walker San Miguel, disse que a prisão de Fernández vai contribuir com a paz regional porque o governador estaria resistindo ao estado de sítio e teria até mesmo convocado duas manifestações.

Ele citou também a prisão preventiva de 11 suspeitos de participação no massacre, transferidos para La Paz.

Segundo San Miguel, uma missão humanitária independente, composta pela Cruz Vermelha e pela Igreja, chegará nas próximas horas a Pando. De acordo com ele, a missão só não viajou antes devido à presença de "civis armados" na região.

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