Sderot, Israel - Israel diminuiu ontem a intensidade dos ataques contra o grupo islâmico Hamas na Faixa de Gaza e começou a considerar um plano de cessar-fogo articulado por Egito e França. Apesar do avanço diplomático, a ofensiva israelense entra hoje em seu 13º dia ainda sem uma fórmula para se estabelecer uma trégua, com um saldo de mais de 700 mortos do lado palestino e 10 do israelense.
Mas alguns sinais do possível começo do fim da operação começaram a surgir. O primeiro deles foi a decisão do gabinete de segurança israelense de adiar a discussão sobre a ampliação da ofensiva terrestre.
Depois de oito dias de intensos bombardeios aéreos, seguidos da invasão por terra, a terceira fase prevê o aprofundamento da incursão, incluindo a entrada nos centros urbanos de Gaza. Esse estágio por ora foi adiado, enquanto as tropas israelenses mantém-se em torno das principais cidades. Os ataques aéreos no sul do território, por sua vez, foram mantidos.
O segundo sinal foi a reação positiva à proposta franco-egípcia, embora ela ainda esteja muito aquém do que Israel espera. O presidente francês, Nicolas Sarkozy, chegou a criar um mal-entendido, ao afirmar que o plano havia sido aceito pelos dois lados.
Israel esclareceu que considera o plano um bom ponto de partida, mas observou que ele ainda é vago. "Há um entendimento amplo sobre os princípios gerais para uma solução, disse Mark Regev, porta-voz do premier Ehud Olmert. "Mas ainda precisamos traduzir esses princípios em ação.
O primeiro obstáculo é a sequência na qual as medidas seriam aplicadas. O plano franco-egípcio pede um cessar-fogo imediato. Em seguida, seriam negociados os termos de uma trégua perene, com o envio de monitores internacionais.
Entretanto, como havia deixado claro no início da semana, Israel exige a sequência oposta: só aceita um cessar-fogo depois de estabelecidas novas condições de segurança. A prioridade é garantir um mecanismo multinacional de controle na fronteira egípcia, para acabar com a entrada de armas em Gaza.
O governo israelense está dividido. Alguns de seus integrantes, entre eles o principal arquiteto da operação em Gaza, o ministro da Defesa, Ehud Barak, acham que já foram alcançadas objetivos militares suficientes em Gaza.
Outros, como o vice-premier Haim Ramon, defendem a ampliação da incursão terrestre para garantir o fim do regime do Hamas.
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