O líder da junta militar que tomou o poder em Mali pediu ajuda externa nesta sexta-feira (30), após os rebeldes tuaregues conquistarem a cidade de Kidal, ponto estratégico no norte do país. O apelo acontece ao mesmo tempo em que a Comissão da Comunidade Econômica de Estados da África Ocidental (Ecowas, na sigla em inglês) ameaça fechar as fronteiras comerciais do país, congelar o acesso ao Banco Central regional e isolar diplomaticamente o Mali, caso o poder não seja devolvido ao governo civil até segunda-feira.
Longas filas se formaram na porta de agências bancárias na capital malinense por causa do temor de sanções econômicas. Alguns bancos limitaram os saques a mil dólares por pessoa. Kadre Desire Ouedraogo, presidente da Ecowas, disse nesta quinta-feira que as sanções começarão a valer em 72 horas.
O capitão Amadou Haya Sanogo, líder da junta militar, disse "entender" a posição dos países da África Ocidental, mas pediu que eles o apoiem a normalizar a situação no país. O capitão também afirmou que planeja fazer eleições livres e devolver Mali rapidamente à ordem estabelecida, mas se recusou a dar prazos, apesar da pressão externa.
"Nosso Exército precisa da ajuda dos amigos de Mali para salvar a população civil e a integridade territorial de Mali", disse Sanogo em entrevista coletiva na capital Bamako.
Os rebeldes do Movimento Nacional de Liberação de Azawad (MNLA) disseram que vão continuar avançando em duas outras cidades no norte do Mali. Armas desviadas da Líbia aumentaram a rebelião na região."Estamos convidando a Ecowas a aprofundar sua análise da situação do Mali e como o Mali chegou a ela", afirmou Sanogo, que já se referiu ao governo do presidente deposto Amadou Toumani Toure como corrupto e incompetente.
Toure foi deposto por um golpe militar na quarta-feira passada. Os soldados alegaram que o governo não tinha iniciativa suficiente para controlar o problema da revolta tuaregue.
Estados Unidos, França e União Europeia já cortaram sua ajuda ao país em repressão ao golpe.