As novas autoridades militares de Mianmar cortaram grande parte do acesso à internet no país neste sábado (6), em meio a uma onda de protestos contra o golpe que derrubou o governo civil e eleito de Aung San Suu Kyi. A paralisação das redes ocorreu após ordem emitida pelo governo na sexta-feira (5) de bloquear o Twitter e o Instagram, por onde as pessoas supostamente estariam espalhando notícias falsas. O Facebook já havia sido bloqueado no início da semana, embora não de forma total.
A suspensão das formas de comunicação está adicionando maior urgência aos esforços para resistir ao golpe. O protesto principal ocorreu com uma marcha de cerca de 1.000 manifestantes – operários e estudantes, entre eles – na rua principal de Yangon, a maior cidade do país. Eles foram recebidos por mais de 100 policiais com equipamento de choque. A manifestação terminou pacificamente, sem relatos de confrontos.
A Telenor Myanmar, uma das maiores operadoras de telefonia móvel confirmou que recebeu um pedido na sexta-feira para bloquear o Twitter e o Instagram. Em um comunicado, o Twitter disse estar "profundamente preocupado" com a ordem e prometeu "defender o fim das paralisações destrutivas lideradas pelo governo". "Isso prejudica a conversa pública e os direitos das pessoas de fazerem suas vozes serem ouvidas", disse seu porta-voz. O Netblocks, um serviço com sede em Londres que rastreia interrupções e desligamentos de internet, disse na tarde de sábado que "um desligamento quase total da internet está ocorrendo agora" em Mianmar, com a conectividade caindo para apenas 16% dos níveis normais.
Mianmar vinha em um processo de quase uma década em direção a maior abertura e democracia. Os cinco anos de governo de Suu Kyi por exemplo, foram o período mais democrático do país, apesar de os militares terem amplos poderes sobre o governo. O motivo do golpe, segundo militares, foi que Suu Kyi e seu partido não teriam agido sobre as queixas de que a eleição de novembro passado foi marcada por fraude, embora a comissão eleitoral tenha dito não ter encontrado nenhuma evidência para apoiar as alegações.
Em Nova York, o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Antonio Guterres, prometeu na sexta-feira que a ONU fará tudo o que puder para unir a comunidade internacional e criar condições para que o golpe militar em Mianmar seja revertido. Ele disse em uma entrevista coletiva que é "absolutamente essencial" cumprir os apelos do Conselho de Segurança para um retorno à democracia, respeito pelos resultados das eleições de novembro e libertação de todas as pessoas detidas pelos militares, "o que significa a reversão do golpe que ocorreu". Guterres disse que Christine Schraner Burgener, a enviada especial da ONU para Mianmar, teve o primeiro contato com os militares desde o golpe e expressou a forte oposição da ONU ao movimento.
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