O Ministério da Defesa do Paraguai abriu pela primeira vez nesta quarta-feira seus arquivos para colaborar com a investigação dos crimes cometidos durante a ditadura militar, um feito qualificado como histórico pelas vítimas do governo de facto.
A abertura dos arquivos foi obtida graças a um acordo entre o governo e organizações de defesa dos direitos humanos, depois de um pedido apresentado pelas vítimas da ditadura ao presidente socialista, Fernando Lugo.
"Esse é um dia histórico. Estamos no sótão do Ministério da Defesa e estamos encontrando uma tonelada de documentos", disse o ativista de direitos humanos Martín Almada.
Ele destacou a descoberta de informes sobre militares estrangeiros envolvidos no Plano Condor, um grupo de repressão coordenado durante as ditaduras militares no Cone Sul na década de 1970, e sobre a repressão a camponeses paraguaios considerados subversivos.
"Isto é inédito. O fato de as Forças Armadas abrirem seus arquivos vai ajudar muito a investigação da Operação Condor (...) e vai ajudar a Justiça internacional na Espanha, Argentina, Chile e França", acrescentou Almada.
Norma Barrios, responsável pelo processamento de documentos, destacou que das 10 mil pastas que compõem o acervo, cerca de 200 contêm informações sobre o papel dos militares na repressão durante a ditadura do general Alfredo Stroesnner, que governou o país de 1954 a 1989.
"Encontramos documentos que falam do G2, o grupo de inteligência encarregado de colocar em prática a Operação Condor, que podem servir nas investigações", explicou.
A abertura dos arquivos acontece quando a Justiça paraguaia investiga uma possível cova clandestina no sul do país, onde estariam enterrados sete desaparecidos desde 1960. O local foi denunciado por um homem que escapou da polícia repressiva e disse que seus companheiros foram enterrados ali.
Essa é a terceira escavação neste ano que tenta descobrir as centenas de desaparecidos durante o regime de Stroessner, que segundo organismos independentes é responsável por mais de 900 assassinatos e milhares de casos de tortura.
"É um grande avanço. Isso se passou há 30 ou 40 anos e ficou impune, mas isso tem que acabar, temos que saber a verdade e que a Justiça aja", concluiu Almada.
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