Membros das Forças Armadas de El Salvador são vistos na Assembleia Legislativa| Foto: MARVIN RECINOS/AFP
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Militares e policiais armados adentraram o plenário da Assembleia Legislativa de El Salvador neste domingo (9) para mostrar apoio a um plano de segurança do governo que está pendente de aprovação dos deputados. A iniciativa, porém, foi amplamente vista como uma forma de intimidação aos opositores, que são maioria na Casa.

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Em uma sessão extraordinária esvaziada, o presidente do país, Nayib Bukele, convocou uma "insurreição" para forçar o parlamento a aprovar uma medida que destinaria US$ 109 milhões para modernização dos equipamentos das forças de segurança. O dinheiro viria de um empréstimo junto ao Banco Centroamericano de Integração Econômica (BCIE).

"Se esses sem-vergonhas não aprovarem o plano de controle territorial, voltaremos a convocá-los no domingo. Esses sem-vergonhas não querem trabalhar para o povo. Uma semana nós daremos a eles", disse o presidente de El Salvador.

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Do lado de fora do prédio do Legislativo, uma multidão de apoiadores de Bukele protestava pela aprovação do empréstimo. Militares e policiais também rodearam o Congresso. Nas redes sociais circulam vídeos em que se observam pelo menos dois francoatiradores em edifícios próximos à Assembleia.

A sessão extraordinária foi convocada pelo próprio Bukele – uma medida sem precedentes, segundo a imprensa salvadorenha, e criticada pelos deputados. "Não existem condições materiais que justifiquem o chamado extraordinário, uma vez que a simples invocação da segurança não é suficiente para permitir o exercício de um poder, em observância ao princípio da separação de poderes, que deve ser utilizado excepcionalmente", afirmou o Legislativo em comunicado.

A presença de militares e policiais armados no plenário suscitou críticas de organizações internacionais. "Em El Salvador, Nayib Bukele decidiu intimidar o Congresso, cercando-o e invadindo-o com as forças armadas. Isso ameaça a democracia e deve ser condenado sem ambiguidade", escreveu o diretor da ONG Human Rights Watch para as Américas, José Miguel Vivanco, em sua conta Twitter.

A Polícia Nacional e o ministério da Defesa ratificaram apoio ao projeto de Bukele. "Em conformidade com nossas leis, conforme determinado pela constituição da República, apoiamos o presidente Nayib Bukele em sua justa luta para tornar nosso país o país que merecemos", disse o chefe da Polícia Nacional de El Salvador, Mauricio Arriaza Chicas.

A modernização de equipamentos das forças de segurança seria a terceira parte do Plano de Controle Territorial, adotado pelo governo de Bukele para responder aos graves problemas de segurança de El Salvador, um dos países mais violentos do mundo e que tem uma grande presença de gangues armadas, as chamadas "maras". O ministério de Segurança do país disse que o Plano de Controle Territorial já fez grandes avanços em seu objetivo de conter a violência no país, alegando que, de junho a dezembro de 2019, o número de mortes violentas caiu 60% em nível nacional.

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Os parlamentares opositores alegam que precisam de mais tempo para analisar o empréstimo junto BCIE.