As forças navais internacionais em operação na costa da Somália precisam estar preparadas para atacar os "navios-mãe" se quiserem combater a pirataria desenfreada nas águas daquela região, afirmou nesta quinta-feira (30) uma importante autoridade do setor marítimo.
"Defendemos a realização de ações preventivas contra navios-mãe antes de os piratas sequestrarem embarcações", afirmou o capitão Pottengal Mukundan, diretor da Agência Marítima Internacional, com sede em Londres e que monitora a pirataria. Mukundan referia-se aos navios usados como bases para o lançamento de ataques daquele tipo.
"A posição dos navios-mãe costuma ser conhecida. O que gostaríamos de ver é as embarcações militares mobilizando-se para pará-los, realizar buscas neles e retirar quaisquer armas deles."
"Isso ao menos obrigaria os piratas a voltarem para a Somália a fim de apanhar mais armas antes que pudessem regressar", disse Mukundan à Reuters, em uma entrevista.
Navios dos EUA, da Europa e da Rússia, entre os quais uma frota que opera sob o comando da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), dirigiram-se para o golfo de Áden nos últimos dias a fim de combater a ameaça da pirataria e proteger os cerca de 20 mil navios mercantes que usam aquela rota de navegação todos os anos.
Cerca de 60 embarcações foram capturadas por piratas neste ano e algo entre 18 milhões e 30 milhões de dólares teria sido pago em troca da liberação de navios e tripulações. Uma embarcação turca com 20 pessoas a bordo foi capturada nesta quarta-feira.
No entanto, as leis que determinam o que a Marinha de um país pode fazer no combate à pirataria são complexas. Apenas os piratas flagrados no momento do crime - abordando o navio e assumindo o controle dele - podem ser alvo da ação de navios militares, segundo prevêem as leis internacionais.
Caso os militares cheguem 30 minutos depois da tomada do navio, quando há um certo grau de incerteza sobre se as pessoas a bordo dele não ou não piratas, não podem fazer nada. Recentemente, a Dinamarca entregou alguns suspeitos à Somália por não conseguir provar os homens que havia detido eram piratas.
As leis são tão imprecisas que o almirante norte-americano encarregado de comandar a frota da Otan não tinha certeza sobre as regras de engajamento poucos dias antes de partir para assumir sua missão, neste mês.
Segundo Mukundan, há atualmente cerca de quatro "navio-mãe" - veleiros ou grandes barcos de pesca ancorados perto de águas internacionais - sendo usados pelos piratas.